Uma Viagem em Águas Salgadas
Curadoria de Daniela Arriado (26 de agosto, 23h15, Museu da Marioneta)
De origem chilena e norueguesa, e a residir em Berlim, as questões ligadas à migração e à identidade dificilmente seriam estranhas para Daniela Arriado.E são justamente estas o ponto central da sua proposta curatorial para este FUSO 2016. “Podemos entender a presente crise migratória como símbolo dos nossos tempos, desafiando a nossa identidade e fronteiras e o nosso projeto europeu do pós-guerra. Mas durante séculos, desde que os marinheiros conquistaram os Novos Mundos, e ao longo dos tempos, definimos os nossos sonhos e anseios de viajar de porto a porto, entre terra e mar, e por vezes deixando-os como requiens nas águas salgadas”, explica na apresentação da sua seleção de vídeos. Um programa que assenta no trabalho de cinco artistas, do qual constam: “The Last Carnival Cruise”, de Antoni Miralda; “Cruzar un muro”, de Enrique Ramírez; “Dance”, de Hans Op de Beeck; “Somewhere in between”, de Mirelle Borra; e “Requiem to a Shipwreck”, de Janis Rafa.
Desejo e Memória
Curadoria de Thierry Destriez (27 de agosto, 23h15, Museu Arqueológico do Carmo)
Desejo e memória. São estes os temas do programa concebido especificamente para o FUSO 2016 por Thierry Destriez, membro do coletivo de artistas HeureExquise!. Criado em 1975, este grupo é especializado na promoção e preservação da videoarte e do documentário criativo, e foi justamente a partir do seu catálogo que Destriez desenvolveu a sua proposta para este festival. Um programa do qual fazem parte “Deseos/Desire”, de Carlos Motta, uma obra sobre amantes separados pelas normas sociais, mas também “Entre-temps”, de Kika Nicolela, que tem lugar no antigo Museu Judaico, em Bruxelas, palco de recentes ataques terroristas; a homenagem de Mounir Fatmi ao escritor John Griffin em “Darkening Process”; “Nijuman No Borei”, de Jean-Gabriel Périot; e ainda “O Retrato de Ulisses”, de João Leitão, filme em que se viaja no tempo e na literatura através da narração de “O Retrato de Ulisses”, de João Cristóvão Leitão.
Tonteiras Sem Fronteiras
Curadoria de Vivian Ostrovsky (25 de agosto, 22h00, Museu de Arte Contemporânea do Chiado)
O facto de Vivian Ostrovsky ter estudado cinema, mas também psicologia, não será alheio à proposta que apresenta neste FUSO e que parte de um convite, recebido há dois anos, para participar num projeto sobre o tema da tontura, iniciado pelos artistas/cineastas australianos Ruth Anderwald e Leonhard Grond. Foi nesta sequência, e ao pesquisar a forma como a tontura tem sido representada no cinema e no vídeo, que Vivian Ostrovsky criou o blogue on-dizziness.org. “O que me atraiu neste tema foi o estado de perceção alterada, desorientação espacial e instabilidade em relação às imagens em movimento. A perca de ancoramento pode servir como catalisador para explorar novos ambientes e pode trazer consigo uma sensação de vertigem e até mesmo de tolice. O que eu procurava era tontura no sentido de inspirar artistas e cineastas para irem além das suas conhecidas fronteiras. Esperemos que os trabalhos apresentados esta noite desafiem a perceção e consciência dos espetadores.” Deste programa fazem parte “One Week”, de Buster Keaton; “Düffels Moll”, de Erik Wesselo; “La Plage”, de Patrick Bokanowski; “Los Encargados”, de Jorge Galindo e Santiago Sierra; “Travelling Fields”, de IngerLise Hansen; “Dream Work”, de Peter Tscherkassky; e “Bouquets”, de Rose Lowder.
Editado na EAI: Seleções de Cinco Décadas
Curadoria de Lori Zippay (27 de agosto, 22h00, Museu Arqueológico do Carmo)
lll A Electronic Arts Intermix (EAI) é uma das mais relevantes instituições dedicadas à videoarte. Este ano celebra o seu 45.o aniversário e essa data convidou a uma viagem até ao seu arquivo – do qual constam mais de 3700 trabalhos de imagens em movimento de artistas dos anos 60 até ao presente, desde trabalhos seminais da videoarte de figuras pioneiras a trabalhos digitais de novas gerações de artistas.
Para o FUSO, a diretora executiva da EAI, Lori Zippay, reuniu “uma seleção eclética de trabalhos que foram editados na EAI desde os anos 70 até ao final da década de 2000”, numa tentativa de destacar uma das áreas menos divulgadas do trabalho da EAI – as suas instalações para edição de vídeo, e desta forma ilustrar também a evolução do analógico ao digital. Assim, deste programa fazem parte “Black & White”, uma obra de Anthony Ramos sobre identidade racial, cultural e de género; os videoclipes alternativos de “New Music Shorts”, de Dara Birnbaum; “OYMA (Outstanding Young Men of America)”, de Michael Smith; “Analogue Assemblage”, de Nam June Paik; e ainda a performance de kinetic theater “Water Light/Water Needle”, de Carolee Schneemann.