“Há anos que vendemos este artigo e é muito popular com os nossos clientes a nível internacional”, revelou um porta-voz da Marks & Spencer, uma loja de roupa inglesa.
O produto começou por ser vendido no Médio Oriente e no Norte de África, por naturais afinidades religiosas, tendo sido lançado o ano passado em território britânico. 2016 foi o primeiro ano em que a loja começou a vender o burquíni no seu serviço online, tendo esse facto também contribuído para o fim de todo o seu stock.
O burquíni cobre todo o corpo à exceção do rosto e está a provar-se popular até junto de mulheres não muçulmanas.
Na semana passada já o xeque da mesquita de Odivelas havia dito ao i que a proibição deste tipo de artigos iria conduzir a um disparo nas vendas. “Com a polémica dos véus foi a mesma coisa”, recordou o português muçulmano.
Apesar desta popularidade, o governo francês, que apoia o banimento do burquíni, recusou a ideia de que a peça se trata de “uma moda”. Para o primeiro-ministro gaulês, aliás, representa um “projeto de contra sociedade”.
Nigella Lawson, uma jornalista célebre no Reino Unido, havia despontado a curiosidade em torno do burquíni ao usá-lo numas férias na Austrália, em 2011. Lawson, que não é muçulmana, apontava o burquíni como alternativa à constante necessidade de aplicar creme protetor solar.
A Grã-Bretanha assume-se assim como o maior crítico europeu à polémica que os governos locais do sul de França criaram ao proibirem as mulheres muçulmanas de utilizarem a veste na praia.
A criadora do burquíni, Ahiida Zanetti, declarou à imprensa britânica que 40% da procura vem de mulheres que não seguem o Islão. “Este fato-de-banho não tinha como objetivo simbolizar a mulher muçulmana. Foi feito para todas as mulheres”, clarificou a designer, indo assim contra a ideia de Manuel Valls, líder do executivo francês, que acusava o burquíni de “escravizar” a mulher.