Pouco mar, Ocean

Não se fala de outra coisa. Não se ouve mais nada. E lá urge o incontornável: a espera, quando extrema, pode matar. Se não os devoradores de linhas, os que sugaram toda a informação pré-“Blonde”, a energia moribunda pode ter passado para o próprio artista. 

E as expectativas – depois do genial “Channel Orange” (2012) e após estas semanas de incerteza em torno da data de edição – são das piores pragas da humanidade. “Blonde” é sobretudo isso: morno.

E não pedimos muda de roupa, sabemos que Frank Ocean é isto, refém e bandeira do amor-mel-amor, das desventuras do romance. Isso não o impede de ter feito um disco excessivamente calmo, pop sem sangue, ainda assim bem produzido e cantado por uma das melhores vozes que já se escutaram na praça.

Estamos longe de achar que “Blonde” é um mau disco, mas é, por certo, pouco para Ocean. E nós queríamos o mar todo.