Acontagem decrescente para os Jogos de Tóquio já começou. E a expressão dos brasileiros ‘pé na tábua’ aplica-se – literalmente – às próximas Olimpíadas.
Quando Carlos Lopes conquistou a medalha de prata nos Jogos de Montreal, em 1976, Tiago Pires, o português mais conhecido no mundo do surf, ainda nem tinha nascido e estava longe de imaginar que o desporto a que dedicou grande parte da sua vida viria a ser uma modalidade olímpica. ‘Saca’ – como ficou conhecido no meio – já se retirou da competição e não vai poder concorrer ao pódio dos Jogos de Tóquio.
Mas se o surf pode causar surpresa, falta (ainda) falar de outra tábua, ou prancha. Com rodas e em terra, o skate foi inventado na década de 60, na cidade onde o maratonista português foi campeão olímpico em 1984, e também já faz parte do leque de desportos olímpicos para os Jogos de Tóquio. Será que Tony Hawk e Bob Burnquist, dois dos grandes nomes do ‘surfe no asfalto’, atualmente com 46 anos e 39 anos, ainda vão a tempo de entrar na competição?
Isso ainda não se sabe, mas outras certezas foram reveladas pelo Comité Olímpico Internacional (COI): escalada, karaté e basebol completam a lista das novas modalidades olímpicas. ‘Mais rápido, mais alto, mais forte’ – o lema que o barão Pierre de Coubertin adotou para os Jogos Olímpicos da era moderna, parafraseando um amigo pastor dominicano – vai poder agora acrescentar-se ‘mais criativo… e mais na onda’.
Nova visão dos Jogos
Para a organização japonesa, os Jogos de Tówuio assentarão em três conceitos.
O primeiro, ‘alcançar a melhor marca pessoal’. A organização garante que toda a preparação e execução do evento desportivo está a ser feita com o intuito de conceder ao atleta a possibilidade de conseguir atingir a melhor marca de sempre a nível pessoal. Os ingredientes para atingir o prometido são dois: a tecnologia e a hospitalidade japonesa.
O segundo, promover a ‘unidade na diversidade’. É o verdadeiro lema dos próximos Jogos de Verão. Os Jogos onde tudo vai (muito) mais além da raça, sexo, linguagem ou religião. O principal objetivo é proporcionar um ambiente saudável a todos os envolvidos.
O terceiro, ‘a pensar no amanhã’. Se os Jogos de Tóquio de 1964 transformaram a economia do Japão, as perspetivas que são depositadas para daqui a quatro anos aumentam exponencialmente. Com a economia presente mais estável, promover mudanças a nível mundial e deixar um legado para as gerações vindouras são as principais metas da organização.
Bandeira Olímpica em Tóquio
O xadrez tradicional japonês foi o logótipo escolhido, entre várias propostas, para os Jogos de Tóquio. O azul índigo, a única cor presente no logo, pretende transmitir a sofisticação e a elegância do Japão. Composto por três variedades retangulares, o projeto tem como objetivo representar diferentes países, culturas e formas de pensar.
Quanto a outro símbolo, a bandeira olímpica – depois de Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, ter passado o ‘testemunho’ à governadora japonesa Yuriko Koike, na cerimónia de encerramento, no Maracanã -, já viajou mais de 18.000 km até aterrar no aeroporto de Haneda, pela segunda vez, depois de a cidade ter sido a sede do evento em 1964. Durante o próximo ano, a bandeira vai ser exibida em mais de 62 locais da cidade.
Paralímpicos lembrados
Entretanto, na quinta-feira, um dia depois da chegada da bandeira olímpica a terras nipónicas, a organização não quis deixar de homenagear o movimento paralímpico, que, à semelhança do que também acontece agora no Rio de Janeiro, contará com nva edição em Tóquio em 2020.
Na contagem (já) descrestente para as próximas Olimpíadas, várias crianças da cidade reuniram-se na capital japonesa com o objetivo de conscencializar o país e o mundo para a importância do desporto paralímpico, como atividade de alto desempenho que ajuda vários desportistas a superarem os problemas e dificuldades que enfrentam. É com este tipo de iniciativa que o Comité de Organização reforça o lema que preza no novo logótipo e numa das três visões referidas: ‘Unidade na Diversidade’.
Super Aber e alta tecnologia
Na primeira promoção pública das Olimpíadas de Tóquio ‘exigia-se’ a presença obrigatória de dois nomes: Mario Bros, personagem do jogo da maior companhia japonesa de entretenimento – a Nintendo – e do primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe. A verdade é que ambos marcaram a festa de encerramento dos Jogos do Rio… numa só pessoa. O Super Shinzo Bros apareceu, para espanto de todos os espetadores.
Concorde-se ou não com as políticas adotadas por Shinzo Abe, a sua apresentação sob o disfarce de Super Mário mereceu aplausos por parte do público e aguçou, ainda mais, a vontade de chegar aos Jogos do país do Sol Nascente.
Faltam 1423 dias para os Jogos, que prometem a tecnologia mais avançada e o plano de sustentabilidade ‘mais verde de sempre’.