Esperar não é morrer: dez discos para sobreviver ao fim do verão

A silly season é por norma época de ritmos mais dançantes, noites fora, em torno de músicas que nem sempre conhecemos. Só que o bem-bom-do-nada-fazer está a acabar e portanto tornemos a disciplinar-nos, voltemos aos discos que vão ser editados nos próximos meses. Estes dez – podiam ser vinte ou trinta – prometem amenizar a…

Angel Olsen  

Há quem já não possa ouvir falar de Angel Olsen. Nós é mais o oposto, sobretudo quando nos provoca, como fez esta semana no “Late Show with Stephen Colbert”, quando tocou “Shut Up Kiss Me”, mais um single para “My Woman”, a editar pela Jagjaguwar já amanhã. Já, desculpem-nos o excesso de jás, em junho havia lançado o single “Intern” e mais recentemente “Sister”. Angel Olsen é folk de balada como é country rock de esgotar o stock de bourbon em qualquer boteco. Como o nome indica, “My Woman”, persegue a árdua tarefa de ser mulher. Olsen vai ser melhor.

My woman, Data de edição: amanhã, Jagjaguwar

Isaiah Rashad

Quem não conhece “Cilvia Demo”, mixtape que atirou Isaiah Rashad para a rua do sucesso, que saia desta caixa. Não nos leve a mal, não queremos que nos considere gente malcriada mas queremos que oiça os melhores e este rapaz é dos rappers mais distintos que têm aparecido. Agora é tempo de “The Sun’s Tirade”, do qual já conhecemos “Park” e o incrível “Free Lunch”. É já amanhã que podemos escutar o resto, resto que não se despreza, que conta com colaborações de Kendrick Lamar, Syd, Jay_Rock, SZA, entre outros.

Beck

De Beck esperamos sempre inovação. “Wow”, single lançado no início de junho, prova que o som vai por outras praias das que visitou em “Morning Phase”, fantástico disco de 2014. Beck parece agora mais inclinado para o trap, para a eletrónica distorcida e original, sem esquecer a sua componente de autor, escrita sempre aguçada. Apenas se conhece a data de edição, ainda que o título do disco nem por isso. Mais uma prova que Beck faz tudo ao contrário, como nós queremos.

Sem título, Data de edição: 21 de outubro, Capitol Records

Leonard Cohen

A rouquidão parece não querer morrer, mesmo aos 82 anos. A 12 de agosto, Leonard Cohen, o nosso confidente preferido, anunciou que vinha aí novo disco, para este outono. Não especificou a data, não avançou nenhum single – a não ser 57 segundos da faixa-título que já tinham sido escutados na série “Peaky Blinders” – e não é por isso que não estamos a roer as unhas todas. Só o título “You Want It Darker”, promete negritude, ou seja, coisas boas naquela voz intocável.

You Want it darker, Data de edição: desconhecida, Sony Music

Danny Brown

Faz sentido. Primeiro deu-nos “When It Rain”, a meio de junho._Tanto choveu que o rapper de Detroit acabou em “Pneumonia”, segundo single para “Atrocity Exhibition”, que disponibilizou a 18 de agosto. Depois de “Old” (2013) custa-nos pensar como fará melhor, mas estando nós perante Danny Brown, o tresloucado da baliza propositada nos dentes, só pode ser melhor. Estes dois singles assim o anunciam, produções arrojadas, rap bruto e sombrio. O quarto disco, que assim decidiu chamar pela canção dos Joy Division de 1980, tem tudo para fazer correr a chuva. Colaborações de Kelela, Kendrick Lamar, Ab-Soul, Earl Sweatshirt, Petite Noir e B-Real.

Atrocity exhibition, Data de edição: 30 de setembro, Warp

Jack White

Babamo-nos que nem bebés quando Jack White mete a carne toda nas cordas da guitarra. Quem lá esteve, naquele concerto do Coliseu dos Recreios em 2012, sabe do que falamos. Agora a vida é outra, porque nem sempre pode ser para rasgar, e Jack White dá-nos 26 temas da sua intimidade, em modo acústico e que recuperam versões alternativas, mixes e material não editado do seu projeto a solo, dos White Stripes e dos Raconteurs. Nunca mais é dia 9. 

Jack white acoustic recordings 1998-2016, Data de edição: 9 de setembro, Third Man Records

Bon Iver

Já andávamos há demasiado tempo – mais precisamente desde “Bon Iver” (2011) – sem a banda sonora perfeita para chorar. Agora acabou-se, a banda de Justin Vernon regressa com “22, A Million”, cujo terceiro single “33 ‘GOD’” foi esta segunda-feira libertado. Sobre os outros dois aqui não escrevermos pois os nomes têm caracteres demasiado esquisitos para o fazer. Tal como todas as dez faixas do terceiro disco da banda. O indie-folk-trónico está de regresso para nos fazer retomar a melancolia certa.

22, a mililon, Data de edição: 30 de setembro, Jagjaguwar

Mick Jenkins

Já se percebeu que agosto foi mês de anúncios. Este, em particular, deixou-nos sede, venha de lá esse 23 de setembro. Primeiro foi “Spread Love”, single incrível que foi produzido por Sango, depois veio “Drowning” e aí o nosso mundo agitou. O segundo single do primeiro LP de Mick Jenkins – depois de um EP e três mixtapes – feito com os BADBADNOTGOOD, jogou com o rapper de Chicago para os mais aguardados lançamentos de 2016. “Drowning” anda em repeat nos nossos auscultadores, e não só nos nossos. Afoguemo-nos, então. Morte profundamente desejada.

The healing component, Data de edição: 23 de setembro, Free Nation

Warpaint

Outra vez agosto. E foi logo no primeiro dia que estas guerreiras avisaram que o terceiro disco, sucessor de “Warpaint” (2014) ia ser fruta boa para colher a 23 de setembro. Partilharam “New Song”, onde estão bem mais eletrónicas e dançantes, ainda que “Heads Up” não tenha necessariamente que o refletir. Somos uma nova canção para as quatro poderosas mulheres, cantam em “New Song”. Se somos, embora a letra possa não ser para nós, o mesmo lhes dizemos. “Heads Up” parece fresco como tudo. Ideal para 2016.

Heads Up, Data de edição: 23 de setembro, Rough Trade

Nick Cave & the Bad Seeds

A voz de Nick Cave, o que expressa, no trailer de “One More Time With Feeling”, filme de Andrew Dominik que estreia dia 8 de setembro, guia-nos para o obscuro. A produção segue o processo de “Skeleton Tree”, novo disco depois do sucesso de “Push the Sky Away” (2013). É o regresso ao trabalho de Cave depois do horrível acidente que levou à morte do seu filho de 15 anos. Oito canções que devemos encarar com ponderação, antes que sejamos empurrados para a depressão da perda. Mas também por isso este “Skeleton Tree” deve ser para escutarmos vezes sem conta.

SKELETON TREE, Data de edição: 9 de setembro,

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