A China não tem intenções de deixar germinar o debate sobre a autonomia de Hong Kong. Um dia depois da eleição para o conselho legislativo de seis candidatos que defendem a independência ou maior autonomia para o território chinês, Pequim alertou esta segunda-feira que não tolerará qualquer debate sobre a sua integridade territorial, recomendando que as autoridades locais recorram à lei para punir desvios na narrativa.
“Defendemos acerrimamente o governo da região de administração especial de Hong Kong no sentido de aplicar penalizações de acordo com a lei”, anunciou esta segunda-feira o gabinete chinês que gere os territórios de Macau e Hong Kong, citado pela agência chinesa Xinhua. De acordo com as regras do próprio território, os candidatos ao conselho legislativo devem antes dizer que apoiam o estatuto de Hong Kong como território chinês.
Os seis novos legisladores favoráveis a uma maior autonomia são antigos dirigentes dos protestos dos guarda-chuvas, de 2014, reprimidos por Pequim quando exigiam que a região elegesse o seu próprio líder. A sua entrada no conselho de 70 elementos representa uma cisão inédita entre os tradicionais campos políticos de Hong Kong, cuja ala mais radical era até agora a dos democratas moderados, que defendem a manutenção da tutela chinesa, embora com mais margem de manobra local.
A grande maioria dos habitantes de Hong Kong prefere não disputar o statu quo e defende o controlo chinês, mas há sinais de que uma parte crescente da população está disposta a exigir que Pequim cumpra pelo menos a promessa de conceder mais democracia ao seu território. “Os líderes em Pequim vão combatê-los até às últimas consequências”, escrevia a Economist no domingo, antecipando as ameaças chinesas desta segunda-feira.