Esta palavra costuma encontrar-se inscrita em caixas de cartão castanho onde estão guardados copos, garrafas de vinho ou outros objetos facilmente quebráveis e, portanto, o adjetivo «frágil» adverte quem lê para ter cuidado.
Aqui, nesta imagem, a palavra “Frágil” foi colocada num cano, nas Escadinhas de São Crispim, com um objetivo artístico, num local onde as paredes estão cobertas de pinturas que remetem para seres maléficos e demoníacos.
Se pensarmos um pouco, o adjetivo «frágil» pode ser aplicado a muito mais do que objetos de vidro ou outros muito delicados; também pode ser utilizado para descrever as pessoas, porque também a estas, muitas vezes, seria útil ostentarem uma etiqueta a advertir os outros para terem cuidado, como na canção de Jorge Palma: “frágil, sinto-me frágil” ou nos ecos da voz de Sting ao recordar-nos: «how fragile we are» (quão frágeis somos).
Como é afirmado no provérbio turco, «o homem é mais duro que o ferro, mais forte que a pedra e mais frágil que uma rosa». E é bem verdade. O ser humano é capaz de tudo isto – de ser muito duro, de ser muito forte, mas também, simultaneamente, muito frágil.
Se atentarmos nas pessoas que conhecemos ou, mesmo, em nós próprios, poderemos distinguir todos estes traços. Há homens mais duros que o ferro, basta que pensemos naqueles que foram capazes das maiores atrocidades de que a história guarda memória. Também há homens mais fortes que a pedra, capazes de construir grandes palácios, as pirâmides do Egito ou grandiosos templos em épocas em que a tecnologia ainda não substituía a força humana, ou animal, para carregar objetos pesados. Mas, quantos de nós não guardamos na alma imagens de seres frágeis ou fragilizados na sua dignidade humana, infelizmente frequentemente retratados no fotojornalismo?
E tudo isto são meros exemplos extremos para que sejam imediatamente óbvios. Uma única pessoa, qualquer um de nós, reúne todas estas características em diversos momentos da vida. Somos capazes de aguentar e enfrentar grandes provações, mas também somos frágeis quando desprevenidos e surpreendidos pela adversidade.
E poucas não terão sido as situações em que nos sentimos «atacados» pelos outros ou pelo mundo que nos rodeia, onde nos sentimos afetados por este “lugar de imperfeição onde tudo nos quebra e emudece”, como tão bem descreve Sophia; onde nos sentimos tantas vezes debaixo de fogo.
Escrito em parceria com o blogue da Letrário, Translation Services