A décima edição do Prémio António Champalimaud de Visão foi ganha pelos cientistas Christine Holt, Carol Mason, John Flanagan e Carla Shatz pelos contributos que deram para a compreensão da relação que conseguiram estabelecer entre os dois órgãos responsáveis pela visão: os olhos e o cérebro. Ver e reconhecer deixaram de ser dois mecanismos diferentes para passarem a ser um só, fruto do inter-relacionamento daqueles dois.
O assinalável avanço protagonizado por estes quatro cientistas vem possibilitar o tratamento no futuro de muitos e diferentes distúrbios da visão através de terapias neurológicas. Este avanço representa uma verdadeira revolução nos padrões conhecidos da ciência e nas consequentes abordagens terapêuticas. Para podermos ver, locais específicos do nosso cérebro têm que receber sinais de células específicas nos dois olhos. As projeções neuronais destas células da retina têm que tomar decisões de navegação no caminho para os destinos específicas no cérebro, uma vez que estes são essenciais para a formação de um mapa preciso do mundo visual. A nossa visão é altamente dependente destas conexões sinápticas entre a retina e os locais correspondentes nos centros visuais superiores do cérebro. Quando as projeções da retina não são formadas corretamente, a visão formada no cérebro torna-se anormal e a nossa capacidade de ver é muito prejudicada. A relação que os vencedores do Prémio António Champalimaud de Visão 2016 estabeleceram entre os olhos e o cérebro abre a possibilidade de curar certos distúrbios da visão através de tratamentos neurológicos. Terapias que atingem o cérebro e a sua capacidade para receber com precisão projeções da retina podem, portanto, ser a chave para desbloquear novos tipos de tratamento e trazer visão para aqueles incapazes de ver como resultado de conexões sinápticas mal estabelecidas. Muito do que sabemos atualmente sobre os mecanismos celulares e moleculares envolvidos no estabelecimento dos padrões de projeções retinianas vem dos esforços individuais e coletivos dos cientistas Holt, Mason, Flanagan e Shatz. O seu trabalho tem trazido luz sobre a conexão entre os dois órgãos fundamentais responsáveis pela visão – o olho e o cérebro – e o seu trabalho inovador tem avançado significativamente a nossa compreensão do sistema visual.
Prémio lançado em 2006 O Prémio António Champalimaud de Visão foi lançado em 2006 e conta com o apoio do programa «2020 – O direito à Visão» da Organização Mundial de Saúde. É o maior prémio do mundo na área da visão, com um valor de 1 milhão de euros. Nos anos ímpar, o prémio reconhece o trabalho desenvolvido no terreno por instituições na prevenção e combate à cegueira e doenças da visão, principalmente nos países em vias de desenvolvimento. Nos anos par, o prémio é atribuído às pesquisas científicas de grande alcance na área da visão.