O ministro da Imigração britânico, Robert Goodwill, anunciou esta quarta-feira que o Reino Unido vai iniciar a construção de um muro na cidade francesa de Calais, de forma a impedir passagem dos migrantes e requerentes de asilo à estrada principal que dá acesso ao porto.
“A selva”, como ficou conhecido o campo onde mais de 7000 pessoas esperam por uma oportunidade para entrar no Reino Unido, fica situado a leste dessa mesma estrada e, de momento, encontra-se isolada por uma vedação que, na opinião do ministro, é insuficiente para impedir que os migrantes saltem para os camiões de transporte de mercadorias e, dessa forma, tentem entrar ilegalmente em território britânico.
“Vamos começar rapidamente a construção deste novo grande muro” comunicou Goodwill aos deputados, citado pelo jornal “The Guardian”. “Já tínhamos construído a vedação, mas agora vamos mesmo construir o muro”, reforçou, justificando a medida pelo simples fato de “as pessoas continuarem a passar”.
No mesmo anúncio o ministro da Imigração revelou que a nova barreira começará a ser erguida ainda durante o mês de setembro e será financiada através de um pacote conjunto de cerca de 20 milhões de euros, acordado pelo governo de David Cameron, que visa melhorar as questões de segurança do porto de Calais. O custo total da obra deverá ultrapassar os dois milhões de euros.
Segundo a BBC, o muro terá quatro metros de altura e será construído em ambos os lados do acesso principal ao porto, numa extensão prevista de um quilómetro.
Um membro de um grupo francês de apoio aos imigrantes, François Guennoc, disse ao “Guardian”, que a nova barreira não terá o efeito desejado pelas autoridades britânicas e que a sua construção será um “desperdício de dinheiro”.
“Quando se colocam muros em qualquer lugar do mundo, as pessoas arranjam maneiras de os contornar”, advertiu Guennoc. “Será até mais perigoso (…), irá aumentar o preço pedido pelos contrabandistas e as pessoas vão acabar por tomar mais riscos”, vaticinou.
Nos últimos dias a cidade portuária de Calais tem vivido vários tumultos, com os residentes e camionistas a bloquearem vários dos acessos ao porto, pedindo às autoridades uma data definitiva para o encerramento da “Selva”.