O nome Adolf Hitler está associado a alguns dos momentos mais tenebrosos da história da humanidade: nazismo, Holocausto, raça ariana – tudo termos que tiveram de ser criados devido às atrocidades cometidas por este homem. Mas talvez não saiba que um dos maiores ditadores da história era obcecado por uma das personagens mais queridas de muitos miúdos e graúdos.
Ao tornar-se chanceler da Alemanha, em 1933, e ao instaurar o seu ideal nacionalista, Adolf Hitler tornou-se um dos homens mais poderosos e temidos do mundo: perseguiu e matou milhões de judeus (só no Holocausto estima-se que se tenham perdido cerca de seis milhões de vidas), homossexuais, ciganos, deficientes físicos e mentais; anexou a Áustria, desmantelou a Checoslováquia, invadiu a Polónia, travou a guerra mais sangrenta da história, na qual morreram cerca de 70 milhões de pessoas.
Neste cenário, ninguém diria que Hitler era um apaixonado pela história da Branca de Neve. Este é um conto de fadas originário da tradição oral alemã e publicado no início do séc. xix pelos irmãos Grimm. Existem várias versões deste conto, mas normalmente conta a história de uma jovem detentora de uma beleza extraordinária, de quem a rainha daquela região tinha inveja. Esta contrata um caçador para matar Branca de Neve, que consegue fugir e esconder-se na casa dos Sete Anões, que vivem numa floresta. A vilã descobre o esconderijo da jovem, transforma-se numa bruxa e tenta matá-la – desta vez, com uma maçã envenenada. Um príncipe encantado descobre Branca de Neve fechada num caixão de vidro, no meio de uma floresta, dá-lhe um beijo e acorda-a do seu sono profundo. A rainha acaba por morrer de inveja.
Mas porque gostava Hitler tanto desta história? Não é conhecida a respostas a esta pergunta. A obsessão do ditador pela Branca de Neve pode estar relacionada com algum episódio vivido na sua infância, uma associação a um momento marcante ou ainda o facto de poder ser vista como um elemento representativo de uma Alemanha ideal: a história da Branca de Neve publicada pelos irmãos Grimm surge no final do romantismo, movimento que terá uma importância acrescida na unificação da Alemanha, Uma das suas premissas era a construção de um nacionalismo baseado no passado, com o objetivo de reconquistar as glórias da nação.
Hitler e Disney O ditador nazi não era fã de todas as personagens de Walt Disney – o site History News Network diz que Hitler considerava o Rato Mickey um “bailarino idiota e degenerado”. Mas a verdade é que acabou por render-se aos talentos do criador norte-americano, considerando a adaptação do conto alemão a desenhos animados uma obra de arte.
Hitler ficou de tal maneira impressionado e obcecado com a longa-metragem que por várias vezes tentou imitar as personagens criadas por Walt Disney. Em 2008, o diretor de um museu norueguês descobriu o que afirma serem desenhos de algumas personagens dos filmes de Disney feitos pelo líder nazi durante a ii Guerra Mundial.
William Hakvaag contou ao jornal britânico “The Telegraph” que comprou num leilão quatro desenhos – três dos Sete Anões e um de Pinóquio, filme que só saiu em 1940. Todas as imagens tinham a assinatura “A. Hitler”.
“Tenho a certeza de que estes desenhos foram feitos por Hitler. Se quisessem fazer uma falsificação, nunca esconderiam a assinatura na parte de trás da imagem, onde passaria facilmente despercebida”, afirma Hakvaag. O norueguês assegura ainda que a assinatura presente nos desenhos corresponde ao tipo de letra usado por Hitler.
No entanto, a autenticidade destes desenhos ainda não foi confirmada. Sabe-se apenas que o ditador nazi tinha uma cópia de “Branca de Neve e os Sete Anões” para poder assistir ao filme quando quisesse, e que, durante a juventude, teve a ambição de se tornar um artista plástico conceituado.