Da Colômbia chegam-nos, por estes dias, novidades agradáveis. Como na última madrugada, em que de uma assentada se pôde festejar a maior vitória de sempre de Portugal em campeonatos do mundo de futsal, após um arrasador 9-0 ao Panamá, mas também o feito de Ricardinho: o Mágico marcou seis golos e tornou-se no melhor marcador da história da Seleção Nacional, com 113. Para trás, ficam nomes históricos do futsal luso, como André Lima e Joel Queirós – mas o que todo um país verdadeiramente quer ficou bem patente nas palavras de Ricardinho à Federação Portuguesa de Futebol logo após o jogo: “Ser o melhor marcador português é fantástico, mas isto tudo é muito bom quando no final consegues levantar o caneco.”
Ora nem mais, Ricardinho. A conquista do Mundial é, de facto, o objetivo mais sonhado por Portugal: a melhor prestação da equipa nacional até agora aconteceu logo na primeira participação, na Guatemala, em 2000 – terceiro lugar. E bem fresco na memória está ainda o desastre de 2012 quando, na Tailândia, Portugal vencia a Itália por 3-0 nos quartos de final e acabou por permitir a reviravolta transalpina, perdendo por 4-3.
Desta feita, a entrada até não foi a mais famosa: um empate 1-1 com a Colômbia, arrancado a ferros – foi mesmo no último segundo da partida que Cardinal faturou. Era, por isso, imperioso vencer na segunda jornada. “Jogávamos a vida neste jogo”, salientou Ricardinho. Uma forma um pouco pesada de pôr as coisas, mas factual no que toca à continuidade da seleção portuguesa na prova. Agora, o cenário está muito mais favorável: com quatro pontos em dois jogos, Portugal está praticamente apurado para os oitavos de final da competição, até porque passam os dois primeiros de cada grupo e ainda os quatro melhores terceiros.
Brasil e Espanha favoritos O sonho maior, todavia, não será fácil de atingir. Como nunca é, diga-se. Portugal é candidato, mas não está no lote dos favoritos – e a sua posição no ranking (apenas sétimo) espelha-o na perfeição. Esse lote é ocupado, como sempre, por Brasil e Espanha, únicos a somarem títulos de campeão mundial. Os canarinhos, que têm nos seus quadros o sportinguista Dieguinho, são o país mais titulado da modalidade, com cinco campeonatos conquistados, enquanto a Espanha venceu de forma consecutiva em 2000 e 2004 e é a campeã da Europa em título – para chegar a esse estatuto, recorde-se, bateu Portugal nos quartos de final por números expressivos: 6-2, ainda no passado mês de fevereiro. Numa segunda linha, surge a Itália, com os sportinguistas Merlin e Fortino, mas também a Rússia, recheada de brasileiros naturalizados.
Como dizia o poeta, porém, “o sonho comanda a vida”. E há razões que permitem à equipa das quinas sonhar. Desde logo, obviamente, a presença de Ricardinho: aos 31 anos, e após ter sido mais uma vez eleito melhor jogador do mundo, o craque do Movistar surge nesta prova no auge da sua carreira. Mas nomes como Cardinal – que se lesionou frente ao Panamá –, Pedro Cary, Bruno Coelho, Ré ou Vítor Hugo permitem acreditar. Para já, segue-se o estreante Uzbequistão, no jogo que encerra a fase de grupos e que terá lugar na madrugada de sábado. “Vão encarar o jogo com uma última esperança. Podem passar como melhor terceiro e complicar as contas. Como equipa extremamente organizada que é, que sabe o que faz, vai ser um jogo muito difícil”, salientou o selecionador português, Jorge Braz.
Uma nota de destaque: numa competição que conta com sete seleções europeias entre 24 finalistas de todos os continentes, realce para a estreia de Moçambique, que jogou e perdeu (6-2) com Portugal na fase de preparação. Para já, perdeu na abertura, com a Austrália, por 3-2. Azerbaijão, Uzbequistão e Vietname são as outras nações a marcar presença pela primeira vez no evento.