O partido da chanceler alemã, Angela Merkel, registou o pior resultado do pós-guerra nas eleições regionais realizadas em Berlim. Antes do fecho das urnas, as primeiras projeções apontavam 18% dos votos para a CDU de Merkel.
Os sociais-democratas do SPD arrecadaram 23% dos votos conquistando o primeiro lugar na capital germânica. O partido de extrema-direita AfD garantiu, segundo as sondagens à boca das urnas, assento parlamentar depois de reunir 11,5% das preferências. A confirmarem-se os resultados, o partido anti-imigração passa a representar 10 dos 16 parlamentos regionais existentes.
Antes do sufrágio, já o presidente da câmara de Berlim, Michael Müller, que sucedeu no cargo a Klaus Wowereit há dois anos, avisou que um resultado de dois dígitos para a AfD seria visto “pelo mundo como um sinal do regresso da direita e dos nazis à Alemanha”, cita o “The Guardian”.
Pressionada devido à política de abertura, por si imposta, relativamente à crise dos refugiados, a popularidade de Angela Merkel tem vindo a diminuir nos últimos meses, pelo que os resultados eleitorais agora registados não surpreenderam a maioria da opinião pública do país.
Apesar da vitória, o SPD, tal como avança a imprensa alemã, terá que reunir o apoio de outras forças políticas, isto porque uma coligação entre o SPD e a CDU, que atualmente governa a cidade, não chega para alcançar a maioria absoluta. A solução poderá passar por um acordo com o partido de esquerda que registava, antes do fecho das urnas, 16,5% dos votos.
A capital germânica tem visto as taxas de desemprego a diminuir para menos de 10% e as receitas fiscais a aumentar a cada ano que passa. No entanto, além de ser uma das cidades alemãs com a maior dívida, com um crescimento populacional de 40 mil habitantes por ano, a burocracia e o funcionamento estatal têm sido um dos alvos preferenciais dos críticos. Para além disso, a decisão de abrir as portas aos refugiados que entram massivamente nas fronteiras da Alemanha, é visto pela população como uma agravante a esta situação. Os resultados alcançados pelo partido de Merkel podem ter sido a consequência mais direta da medida.
A derrota de Berlim é já a quarta consecutiva da CDU nas eleições regionais alemãs, depois de perder o sufrágio em Mecklenburg-Vorpommern, Rhineland-Westphalia e Baden–Württemberg. E em todas as eleições a AfD conseguiu alcançar os dois dígitos, ultrapassando mesmo a CDU em Mecklenburg. Há três anos, os democratas-cristãos até estiveram perto de alcançar a maioria absoluta a nível federal.
Esta viragem política coloca Angela Merkel ainda mais sob pressão. Isto porque daqui a um ano realizam-se as eleições legislativas e as sondagens não mostram uma alteração nas tendências de voto.