Barbarian Rising: contra os romanos marchar, marchar

Estreia-se hoje no canal História a série documental que recria a luta de nove guerreiros contra o Império Romano. O i falou com a única mulher entre os protagonistas, Kirsty Mitchell, que interpreta Boudica

Ao contrário dos Morcheeba, banda inglesa para quem “Rome Wasn’t Built in a Day” (2000), segundo a nova série do canal História, que se estreia hoje, às 22 horas, “Roma não foi destruída num dia”. É este o slogan de “Barbarian Rising”, série documental de oito episódios – Resistência, Frente de Batalha, Rebelião, Ascendência, Direitos de Nascimento, Vingança, Contra-Ataque e Ruína – que, além de Portugal, será exibida em 185 países.

Em “Barbarian Rising” viaja-se até ao ano 98 d.C., altura em que a subida de Trajano ao trono dá início à mais bem- -sucedida era do Império Romano, que vê os seus domínios cada vez mais expandidos. Mas, neste processo, o rasto de sangue deixado por Roma provoca sede de vingança em muitos inimigos. É o caso dos nove guerreiros que estão no centro desta superprodução: Espártaco, Aníbal, Armínio, Fritigerno, Genserico, Alarico, Átila, o português Viriato e ainda Boudica.

Aquela que é a única mulher deste grupo foi uma rainha-guerreira celta na Guerra dos Icenos. Ao lado do marido, Prasutagus, tentou e conseguiu negociar a paz com o Império Romano. Mas depois da morte do marido, os acordos foram traídos por Roma, Boudica espancada e as filhas violadas. Depois de jurar vingança viu-se obrigada a partir para a guerra liderando o seu próprio exército mas, após uma sangrenta batalha, acabou vencida. “Acho que este papel ainda foi mais difícil para mim porque é uma pessoa real, que existiu de facto, e sinto essa responsabilidade. Mas ao mesmo tempo só posso dar a minha perceção do que acho que ela foi. Neste sentido quis retratá-la sobretudo como mulher e como mãe, alguém que foi atirada para a batalha, para lutar pela liberdade”, explicou ao i Kirsty Mitchell, a atriz que dá vida a Boudica, para logo de seguida sublinhar a dificuldade emocional associada a representar esta mulher. “Tinha muito texto para decorar, sete a oito páginas por cada monólogo, e sempre de cenas muito intensas. Ela passa por muita coisa e é preciso estar sempre em alta. Foi a mais desafiadora personagem que já tive.”

Física e emocionalmente, assegura a atriz de 42 anos que se estreou em 1996, no filme escocês “Small Faces”.

“Tivemos um tempo muito limitado para filmar, o que, por um lado, foi bom, porque não deu espaço para ficar nervosa, mas, por outro, os dias de trabalho eram muito longos. Mas sendo uma atriz que treinou ballet muitos anos, apesar de vir de uma zona industrial da Escócia onde nada disso era normal, sinto que estive sempre habituada a lutar.”

Ainda assim, para ser Boudica, nome que significa vitória, Kirsty teve um mês de preparação, para aprender a usar facas e outras armas, a lutar, a equilibrar-se em terrenos difíceis. “Queriam alguém sem medo de cair e acho que foi isso que me fez ser escolhida. Além disto, impossível não é palavra para mim, nunca aceitei não como resposta.” E ainda bem, porque, ao i, Kirsty Mitchell não teve dúvidas em assegurar que Boudica foi o seu “papel favorito”.