O administrador da holding Violas Ferreira Internacional (HVF), Tiago Violas Ferreira, considerou “inevitável” que a OPA do espanhol CaixaBank ao BPI avance. Em entrevista à Antena 1 e ao “Jornal de Negócios”, o empresário, apesar da sua oposição à OPA, afirmou que o banco está pressionado para concluir o negócio em breve.
Admitindo que “2,7% não dá para fazer oposição”, Tiago Violas diz-se “consciente da força que temos”, mas “esgotámos essa força. Portanto, vai acontecer aquilo que tiver de acontecer. Não vai ser por nossa iniciativa que o banco vai ter problemas com o BCE”.
O gestor pede também celeridade em todo o processo: “Está na altura de nos entendermos todos. E de avançarmos, porque as consequências podem ser nefastas para o banco e não é isso que nenhum dos atores pretende, muitíssimo menos nós.” Para além disso, Violas Ferreira esclarece que “o nosso intuito sempre foi criar valor no banco e manter o projeto inicial, que é um projeto de independência do banco, é um projeto com uma estrutura acionistas plural, só assim se mantém a independência. Porque se um dos acionistas tiver maioria do capital, por definição, o banco não é independente”.
Por tudo isto, Tiago Violas confessa estar desiludido com o aparente desfecho do processo: “Eu acreditava sinceramente que podíamos obter alguma coisa com isto. Quando digo obter alguma coisa quero dizer que podíamos concertar interesses com outros acionistas e mantermos o banco independente. E eu acreditava sinceramente nisto. Neste momento estou um pouco desiludido porque não consegui ler os interesses dos outros players.”
Existiu até uma tentativa de reunir investidores internacionais para tomarem posições no BPI: “Tenho feito algum lóbi desde a OPA do ano passado – os famosos roadshows – a tentar convencer investidores a serem um parceiro no BPI.” Mas “não foi possível. Não consegui”.
A manutenção da independência do BPI, evitar que o centro de decisão passasse para Espanha e o baixo valor da proposta espanhola foram as principais justificações por parte da HVF para se opor ao negócio. Anteriormente, a holding de Violas Ferreira tinha interposto duas providências cautelares – uma delas foi inclusivamente aceite, provocando o adiamento da votação sobre a proposta. No entanto, esta semana, as negociações vão ser reatadas, esperando-se uma decisão final.
Recorde-se que esta desistência acontece a poucos dias da assembleia-geral do banco, que se realiza dia 21 deste mês.