Cristas em Lisboa é uma péssima notícia para Passos

A anunciada candidatura de Assunção Cristas a Lisboa é uma boa notícia para o CDS, que poderá alargar o seu espaço político na capital nas próximas autárquicas. É uma ótima notícia para Fernando Medina, que vê a sua já antes provável vitória tornar-se praticamente garantida face à divisão de candidatos no centro-direita. E é uma…

A anunciada candidatura de Assunção Cristas a Lisboa é uma boa notícia para o CDS, que poderá alargar o seu espaço político na capital nas próximas autárquicas. É uma ótima notícia para Fernando Medina, que vê a sua já antes provável vitória tornar-se praticamente garantida face à divisão de candidatos no centro-direita. E é uma péssima notícia para o PSD e para Passos Coelho.

Nos últimos 20 anos, para lá da figura de Santana Lopes, as candidaturas do PSD em Lisboa têm sido verdadeiros desastres: as campanhas e os resultados eleitorais de Fernando Seara, Fernando Negrão ou Carmona Rodrigues roçaram mesmo o confrangedor. E o problema é que não se vislumbra hoje quem possa personificar «uma candidatura ganhadora do PSD a Lisboa», como prometeu há dias Luís Montenegro, pondo-se logo de fora de qualquer ideia de o candidatarem.

Ora, a verdade é que Santana Lopes – apesar de ainda haver no PSD quem acenda velas a tal ideia – já deu várias vezes para esse peditório, sente-se muito bem como provedor da Santa Casa e, convenhamos, já cansa este contínuo regresso ao passado e tamanho deserto de ideias. E de que hipóteses se fala para além de Santana? De Paulo Rangel, um intelectual portuense que cairia de paraquedas em Lisboa e sem base de apoio local. De Jorge Moreira da Silva, um dirigente soft a quem falta magnetismo e agressividade eleitoral. De Carlos Carreiras, um homem do aparelho sem dimensão política à altura de Lisboa, uma espécie de Fernando Seara melhorado. E de Maria Luís Albuquerque que, apesar de concitar muitos anticorpos por causa das políticas de austeridade, tem uma imagem política forte e determinada e a vantagem de ser mulher.

Daqui resulta que o PSD, com Cristas na corrida, corre o risco de repetir uma humilhação como os 22,4% de Seara em 2013.

Acontece que a liderança de Passos Coelho estará, em grande medida, dependente do resultado do PSD nas autárquicas. E o balanço dessas eleições fica sempre marcado por se ganhar ou perder as câmaras de Lisboa e Porto. Com Rui Moreira e Fernando Medina com reeleição quase certa, a vida de Passos está muito complicada. A menos que a ‘geringonça’ lhe faça o favor de se desconjuntar antes das autárquicas.