Continuando a olhar para a listagem das colocações, e fazendo contas aos cursos ligados ao jornalismo e às ciências da comunicação – aqueles que geralmente são escolhidos por quem deseja trabalhar em comunicação social – o primeiro fator que me saltou à vista foi que, em praticamente todos eles, o número de vagas disponíveis foi totalmente preenchido.
Numa matemática rápida, isto significa que, em breve, 722 jovens estarão a estudar nesta área (isto não contando com cursos que, tendo a ver com a área, oferecem formação mais técnica ou não tão vocacionada para a comunicação social). 722.
A mim, este número dá que pensar. E dá ainda mais porque, nesta edição do SOL, celebramos o décimo aniversário do jornal. Dez anos de um jornal é muito tempo, são muitas histórias, muitas vidas. Já lá vão os tempos em que se vaticinou o fim do papel, da mesma forma que o vídeo iria assassinar a rádio. Já percebemos, ou deveríamos ter percebido, que pode haver espaço para todos.
Mas o que também já deveríamos ter percebido é que, mais do que a discussão sobre a plataforma em si, a discussão que se deve fazer é sobre os conteúdos. O jornalismo existe para nos mostrar o mundo, para nos fazer pensar, para nos contar histórias e nos dar a conhecer pessoas. E haverá sempre quem esteja interessado em ler, ouvir ou ver histórias bem contadas.
O facto de tanta gente, tão nova, ainda acreditar que quer vir para esta área, faz-me acreditar ainda mais nisto e pensar que, afinal, poderá haver mais futuro no jornalismo do que se anuncia. Faz-me ter esperança, no fundo. Esperança que, daqui a dez anos, o SOL esteja a festejar as duas décadas. E que, em Portugal e no resto do mundo, sejam mais as notícias de novos órgãos de comunicação do que de encerramentos e despedimentos.