Portugal no 39º lugar entre 71 países

A Seleção Nacional teve uma classificação razoável no Eisenhower Trophy, no México, mas longe do 16º lugar com que iniciou o torneio. Tomás Silva fez uma boa prova e foi 48º entre 212 participantes.

Portugal terminou o 30º Campeonato do Mundo Amador Masculino de Nações, no México, no 39º lugar, piorando em 4 posições a classificação de 2014 no Mundial do Japão.

Na última jornada, a seleção nacional masculina subiu do 42º para o 39º posto final (empatado com o Equador), com um total de 585 pancadas, 13 acima do Par, com voltas de 140 no Mayakoba El Camaleón Golf Club (Par-71), 144 no Iberostar Playa Paraiso Golf Club (Par-72), 158 no Iberostar e 143 no Mayakoba.

Este campo, o de Mayakoba, que acolhe um dos torneios do PGA Tour (o mais importante circuito profissional do Mundo), foi claramente o preferido da equipa portuguesa, constituída por Tomás Silva, de 23 anos, Pedro Lencart, de 16, e Vítor Lopes, de 19, capitaneados por José Pedro Almeida e acompanhados pelo selecionador nacional, Nuno Campino, bem como pelo presidente da Federação Portuguesa de Golfe, Manuel Agrellos.

A classificação final portuguesa neste torneio organizado da Federação Mexicana de Golfe (FMG), sob a égide da Federação Internacional de Golf (IGF), oferece sentimentos ambivalentes.

Por um lado, tendo em conta que foi apresentada uma seleção muito jovem, com dois “rookies” (Lopes e Lencart), foi positivo ter-se melhorado a classificação de há dois anos.

Por outro lado, tendo em conta que Portugal estava no 16º lugar aos 18 buracos e no 23º aos 36, o 39º tem um sabor amargo, pois a equipa tinha valor para cometer um feito, embora o recorde nacional de um 13º lugar em 2010, no Mundial da Argentina, nunca tenha estado realmente na mente destes jovens jogadores. De qualquer forma, ser 39º entre 71 nações não pode ser considerado negativo.

«(O terceiro dia) foi o pior resultado que já tive na seleção», admitiu, sem falsos pudores, o selecionador nacional, Nuno Campino.

«As condições estavam perfeitas para se fazer bom resultado e não produzimos. Foi tudo muito mau para ser verdade. Estragámos o Campeonato que até ao (final) do segundo dia estava a ser brilhante», lamentou-se o treinador nacional das seleções.

«Coletivamente fomos das piores equipas em campo», reconheceu também, com sinceridade, Tomás Silva, o melhor jogador português no Mundial.

A partir daí, o importante era recuperar o ânimo e a equipa técnica disse aos jogadores que, no último dia, era necessário «jogarem bem e estarem ao nível do primeiro e do segundo dia, para limparmos esta má imagem que deixámos no terceiro dia».

Esse objetivo foi cumprido, uma vez que Tomás Silva, o único que já tinha estado no Mundial de há dois anos, igualou o Par-71 de Mayakoba, Pedro Lencart fez apenas +1 e só Vítor Lopes que, é preciso reconhecer, esteve abaixo do que sabe fazer, teve de contentar-se com uma volta de +4.

«Estamos orgulhosos pela seriedade e dedicação com que trabalhámos, demos sempre tudo para representarmos o nosso país da melhor maneira possível», consolou-se, em jeito de balanço final, Nuno Campino.

Os dois percursos situam-se na famosa Riviera Maya mexicana, onde as condições de jogo foram de sol, calor, muita humidade e, ocasionalmente, sobretudo no segundo dia, alguma chuva tropical. Mas, em geral, proporcionando bons resultados, como se viu pelas prestações das grandes potências da modalidade.

A Austrália sagrou-se campeã mundial pela quarta vez em 30 edições, bem longe do país recordista, os Estados Unidos, com 15 títulos, incluindo os de 2012 e 2014.

Capitaneada por Matt Cuttler – que este ano esteve em Portugal, em Vidago, a comandar a seleção da Ásia-Pacífico no Michael Bonallack Trophy –, a Austrália somou 534 pancadas (135 no Iberostar,+132 no Mayakoba+131 no Iberostar+136 no Mayakoba), 38 abaixo do Par.

Este resultado igualou o recorde em Mundiais para 72 buracos que pertencia aos Estados Unidos desde 2014. Os títulos anteriores australianos tinham sido averbados em 1958, 1966 e 1996.

Matt Cuttler considera que o mais importante é integrar este resultado numa perspetiva global, de um desenvolvimento da modalidade nos últimos anos, que inclui o golfe feminino, o que faz sentido, dado que foi ele o capitão vitorioso no Mundial feminino de há dois anos no Japão: «Isto vai ser ótimo para o golfe quando regressarmos a casa. E tudo começou há dois anos, quando as senhoras ganharam o Espírito Santo Trophy. Foi aí que recuperámos aquele gostinho de competir para ganhar a nível internacional. Os rapazes executaram na perfeição plano que tínhamos para esta semana e mostraram-se determinados em fazê-lo».

Já se sabe que o Eisenhower Trophy conta sobretudo pela classificação coletiva, mas, a nível individual, o melhor português foi todos os dias Tomás Silva. Foi ele o esteio da seleção. O ex-triplo campeão nacional só teve uma volta acima do Par, o tal cartão de 77 (+5) no Iberostar, na terceira jornada.

«Foi dos dias mais confusos que já tive num campo de golfe», desabafou. Em contrapartida, reagiu positivamente no último dia e só não melhorou o 69 (-2) com que iniciara a prova no Mayakoba porque houve um incidente mesmo a meio da volta que o levou a perder 4 pancadas em dois buracos: «Fiz 3 birdies nos primeiros cinco buracos, mas uma confusão com um parceiro de jogo no buraco 17 deixou-me um pouco desconcentrado e fiz 1 triplo-bogey no 18 e 1 bogey no 1, perdendo o momento do jogo». Depois disso, só houve mais 1 birdie no 5.

Tomás Silva, que tinha sido 123º (+8) no Mundial do Japão há dois anos, concluiu o Mundial do México num bom 48º lugar (empatado), entre 212 jogadores, com 288 pancadas, 2 acima do Par, depois de voltas de 69 (M)+71 (I)+77 (I)+71 (M).

O melhor português no Mundial do Japão há dois anos tinha sido João Carlota em 46º (empatado), com 7 pancadas abaixo do Par, entre 200 participantes.

Portanto, com uma concorrência mais numerosa, Tomás Silva conseguiu uma classificação superior e ficou entre os primeiros 25% da prova, mostrando que tem já um apreciável nível no circuito internacional amador. Não é por acaso que já foi 9º num Europeu de há dois anos e que em 2016 foi 5º no Campeonato Internacional Amador de França.

O segundo melhor português foi Pedro Lencart, no grupo dos 100º classificados, com 297 pancadas (71 M+73 I+81 I+72 M), 11 acima do Par. Para um jogador de 16 anos, o campeão nacional amador portou-se bem, conseguindo um lugar na primeira metade dos inscritos.

Vítor Lopes foi 131º (empatado), com 304 (71 M+76 I+82 I+75 M), 18 acima do Par. Os seus resultados acabaram por não contarem para a equipa nos três últimos dias.

O melhor jogador do Mundial do México foi o australiano Cameron Davis, com 269 (67 I+66 M+68 I+68 M), 17 abaixo do Par. Foi o único dos 212 jogadores a ficar na casa das 60 pancadas todos os dias.

«Isto é, de longe, o melhor que joguei em torneios desta importância», regozijou-se Cameron Davis, que no ano passado foi vice-campeão em duas provas relevantes, o Asia-Pacific Amateur e o Australian Amateur.