O duelo televisivo sorriu aos democratas mas não foi uma vitória retumbante até porque ainda restam 42 dias de campanha e ainda haverá mais debates.
Durante todo o confronto televisivo que teve lugar segunda-feira à noite nos EUA, madrugada de terça-feira em Portugal, na Universidade de Hosfra em Nova Iorque, foram patentes as diferenças de postura e de política dos dois candidatos sobre temas tão dispares como economia, discriminação racial e em relação à capacidade dos dois contendores de serem líderes da maior superpotência mundial.
Cada um fez valer os seus trunfos de uma forma prudente e sem sair fora de pé. Clinton mostrou o seu domínio aprofundado dos temas sem se enervar, sorrindo e fazendo gala da sua experiência política de mais de 30 anos, Donald Trump respondendo que esses últimos 30 anos tinham levado os EUA à posição de crise económica e política de hoje: “a experiência que ela tem é uma má experiência”, chegou a dizer o magnate republicano.
Hillary Clinton tentou sorridente constantemente provocar o milionário republicano, caindo sobre alguma incorrecções e esquecimentos de Trump. Algumas dessas incorrecções foram até realçadas pelo moderador, Lester Holt, quando o milionário afirmou que se opôs à guerra do Iraque em 2003, declaração que foi prontamente desmentida com as suas intervenções públicas da época.
“Não tem imagem [de presidente]. Não tem resistência”, atacou Trump, aludindo à alegada falta de saúde da candidata democrata, ao que Clinton respondeu que viajou por 112 países, como secretária de Estado, “ele que me fale de resistência”, ironizou. Quando Trump especulou com o desaparecimento da campanha de Clinton, uns dias antes do debate, Clinton respondeu: “Creio que Donald acaba de me criticar por me ter preparado para este debate. É verdade que me preparei, como me preparei para ser presidente”, afirmou, ironizando com a falta de experiência política de Donald Trump.
Perante isto, Trump repetiu vezes sem conta que Clinton tem 30 anos de política e que esses anos foram de fracasso, e que a sua abordagem nova permitirá resolver os problemas dos EUA, como a destruição do EUA e colocar a economia chinesa firmemente debaixo da liderança americana. O republicano avançou com o seu discurso proteccionista de defendendo a renegociação de vários tratados de livre comércio para impedir a deslocalização das fábricas e os efeitos da globalização económica no desemprego dos operários americanos.
Durante o debate, os momentos mais tensos foram quando a candidata democrata atacou o milionário dizendo que os seus negócios davam muitas vezes em falência, despedimentos dos trabalhadores e falta de pagamentos aos fornecedores, que as credenciais de homem de negócios com sucesso que Trump exibia deixavam muito a desejar.
“Não passam de palavras”, contrapôs Trump, insistindo que Clinton não passa de uma política profissional pouco confiável. “Donald vive na sua própria realidade”, atalhou a certa altura a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
Segundo uma sondagem da CNN feita depois do debate, 62% dos eleitores dizem que Hillary Clinton ganhou o confronto, contra 27% que estão convencidos que foi Trump que se saiu melhor na emissão.