Longe vão os tempos do temível Nápoles de Maradona, Careca e Alemão. Não tão longe, houve Lavezzi, Cavani, Higuaín ou Hamsik. Hoje, há Hamsik, Milik, Callejón e mais um séquito de futebolistas de classe mundial a representar o conjunto napolitano, e é esse adversário que o Benfica de Rui Vitória terá de enfrentar esta noite. Tarefa complicada, isso sem dúvidas, mas nem assim o treinador das águias treme. Nunca tremeu, porque havia de o fazer agora? “Estamos conscientes de que vai ser um jogo difícil, mas a nossa forma de pensar é sempre a mesma. No momento do jogo temos foco total na equipa adversária e no que temos de fazer: colocar as nossas coisas boas em campo, a nossa abordagem competitiva. Vai ser um jogo duro, entre duas grandes equipas, mas nada vai mudar o nosso objetivo e a nossa abordagem. Não é só correr mais que o outro, é estar preparado em tudo. A equipa que errar menos vai conseguir a vitória e os jogadores que entrarem em campo vão estar preparados para um jogo muito difícil, mas eles encaram todos os jogos com uma vontade tremenda, sejam com equipas teoricamente menos fortes ou mais poderosas. Isso deixa-me muito tranquilo”, salientou o treinador encarnado, já em solo transalpino.
O discurso motivador e confiante, todavia, não esconde a “admiração” que Vitória diz sentir pelo adversário de hoje. “O Nápoles é uma equipa muito forte, com laterais que se projectam bem no ataque, com um trio de meio-campo que controla bem o jogo. Na frente tem jogadores que têm grande capacidade de decisão. Na defesa têm também jogadores que sabem sair a jogar. Há uma outra coisa menos boa, mas podemos apontar que é uma grande equipa. Gosto e admiro o Nápoles. Assenta o seu jogo num 4x3x3 que é versátil. É uma equipa que eu gosto de ver jogar”, revelou o técnico do Benfica.
A média de idades muito baixa dos seus pupilos também não é problema: “Não nos guiam questões de idades. O que nos guia é o rendimento. Mais importante o que as idades é os jogadores passarem à prática as nossas ideias. Se o fizermos, vamos igualar as forças com o Nápoles.”
Do outro lado, só elogios Curiosamente, um dos jogadores mais jovens que tem sido aposta de Rui Vitória esta temporada – também devido à onda de lesões que tem assolado o plantel encarnado – foi alvo de elogios… de Maurizio Sarri, precisamente o treinador do Nápoles: Gonçalo Guedes. “Gosto dele. Impressionou-me desde a primeira vez que o vi”, assumiu sem pruridos o técnico italiano, embora alargando as palavras bonitas para mais duas águias. “O Benfica é uma equipa que constrói muito bem a partir de trás. Têm defesas fortes do ponto de vista técnico e um meio campo excelente. E depois têm Salvio e Pizzi nas alas. São muito talentosos, têm imensa qualidade.”
Sarri, de resto, não se poupou nos obséquios para com o Benfica, que diz ser uma equipa “de top do futebol europeu”. “O Benfica é uma equipa forte, técnica e taticamente bem organizada, cheia de talento e habituada a impor o seu estilo de jogo desde a defesa. Vai ser duro”, assumiu, lembrando a réplica dada pelas águias frente ao Bayern Munique nos quartos de final da última temporada.
Sem novelas, por favor Ainda privado das seis estrelas lesionadas (Rafa, Jonas, Jardel, Jiménez, Samaris e Danilo), Rui Vitória chamou Rúben Dias, central de 19 anos que é capitão da equipa B. E ainda Eliseu, saindo Zivkovic. Mas foi a recente rotatividade na baliza que mereceu questões mais diretas: afinal, joga Júlio César ou Ederson? E o treinador respondeu assim: “Não há que haver histórias. Parece que tem sempre de haver uma novela com o Benfica. Antes eram as lesões, depois era não vencer em casa. Amanhã [hoje] joga quem estiver melhor e quem der mais garantias para esse jogo. Não há nenhum plano para a baliza, vai jogar quem estiver melhor”.