Corpo humano: as orelhas e o nariz nunca param de crescer?

E os olhos deixam de crescer a partir do momento em que nascemos? A Internet está cheia de mitos sobre o corpo humano, mas não passam disso mesmo: mitos 

Sempre ouvimos dizer que existem duas partes do corpo que nunca param de crescer: o nariz e as orelhas. E, de facto, quando olhamos para uma pessoa com 80 anos, o seu nariz e as suas orelhas parecem estar muito maiores do que há uns anos. Muitos acreditam que este fenómeno se deve ao crescimento da cartilagem ao longo dos tempos. Mas será que isso é mesmo verdade?

Primeiro que tudo, é preciso perceber o que é a cartilagem: trata-se de um tecido conjuntivo mais rígido. Este serve para revestir, proteger, dar forma e sustentação a algumas partes do corpo. Para além disso, serve também para prevenir o atrito entre os ossos. No tecido cartilaginoso, não existem vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos.
Ao contrário do que era de esperar, a cartilagem não continua a crescer: vários estudos, citados pelo site “The Medicine Journal”, mostram que o número de células presente nas cartilagens de um jovem com 18 anos é muito semelhante ao de um homem de 40. Só a partir mais ou menos dessa idade é que o número de células começa a diminuir significativamente. Ou seja, para além de não aumentarem, as cartilagens começam a ficar mais fracas com a idade.

De onde vem então esta ideia de que a cartilagem não para de crescer? A mesma página na internet diz que pode estar relacionada com o estudo e a observação dos tubarões: a estrutura destes animais é composta maioritariamente por cartilagens, que crescem ao longo de toda a vida desta espécie. Mas isso não quer dizer que o mesmo aconteça no corpo humano – cada organismo reage da sua maneira.

Mas a verdade é que o nariz e as orelhas de uma pessoa mais velha parecem realmente maiores… E a culpa é da gravidade. Quando começamos a envelhecer, o colagénio (proteína fundamental na constituição da matriz extracelular do tecido conjuntivo) e as fibras elásticas (outros componentes das cartilagens) começam também a faltar. Este problema faz com que as partes do corpo em causa tenham um menor apoio e fiquem mais descaídas – é aqui que a força gravitacional ‘entra em ação’.

Além disso, existe outro fenómeno que faz com que o nariz e as orelhas pareçam maiores – com a velhice, outras áreas da cara perdem algum volume, como as bochechas e os lábios. Isso faz com que os órgãos existentes à volta dos referidos anteriormente pareçam maiores.

Assim sendo, o nariz e as orelhas não continuam a crescer ao longo dos anos, passando apenas por um processo de desgaste das cartilagens e ‘sofrendo’ as consequências das alterações de outras partes do corpo.

E as partes do corpo que nunca crescem? Basta andar um pouco pela internet para perceber que são muitos os mitos sobre o corpo humano que por ali circulam. Um deles é que o olho é a única parte do corpo humano que nunca cresce. Esta afirmação é falsa: todos os órgãos crescem.

Um estudo publicado no “U.S. Library of Medicine” acompanhou o crescimento dos olhos de cerca de 2000 crianças indianas saudáveis, desde o seu nascimento até à idade adulta. A investigação revela que o tamanho do olho de uma criança do sexo masculino aumenta entre 13 a 23 por cento durante a infância, enquanto no caso da mulher este crescimento varia entre os 17 e os 30 por cento no mesmo período de tempo. Durante a adolescência e a vida adulta, o crescimento diminui significativamente, o que pode ter contribuído para a criação deste mito.

É claro que existem outros aumentos mais notórios no nosso corpo: o site Biology Reference explica que o tamanho da cabeça de um recém-nascido ‘ocupa’ cerca de 25 por cento do corpo do bebé e os membros superiores e inferiores 37 por cento. Com um crescimento natural, a cabeça passa a ‘ocupar’ 12 por cento do corpo e os membros 50 por cento.