A secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, foi ontem confrontada por cerca de 30 manifestantes em fúria na freguesia de Rego, Celorico de Basto, a terra adotiva de Marcelo Rebelo de Sousa. Em causa está o encerramento da escola daquela freguesia.
O episódio aconteceu no parque de estacionamento da autarquia de Celorico de Basto. Já à chegada, a governante tinha sido recebida pelos manifestantes, mas conseguiu contorná-los. O grupo não arredou pé e esperou que Alexandra Leitão saísse dos Paços do Concelho para a confrontarem com a decisão de encerrar o estabelecimento de ensino. Segundo se pode ver no vídeo colocado ontem online pelo “Jornal de Notícias”, vários manifestantes aproximaram-se da governante de forma ameaçadora. O reboliço obrigou à intervenção da GNR e Alexandra Leitão acabou por ser colocada à pressa no carro pelos assessores de imprensa, tendo arrancado em alta velocidade.
A maioria dos manifestantes eram pais dos alunos da escola básica do 1.o ciclo da freguesia de Rego, em Celorico de Basto, que aproveitaram a presença da secretária de Estado para demonstrarem o descontentamento com a situação.
Alexandra Leitão encontrava-se em Celorico de Basto numa cerimónia de assinatura de protocolos para que sejam realizadas obras nas escolas do ensino básico e secundário. O coro de protestos encarado pela secretária de Estado não se confinou, contudo, aos manifestantes: também o presidente da Câmara de Celorico de Basto, Joaquim Mota e Silva, trocou acusações com a governante sobre o encerramento da escola.
“A Câmara de Celorico de Basto comprometeu-se há cerca de quatro anos a encerrar algumas escolas e colocar as crianças no centro escolar de Gandarela, para o qual, na altura, teve financiamento público. Esse centro escolar está a funcionar e tem muitas salas vazias”, justificou Alexandra Leitão aos jornalistas após a sessão oficial. “Lamento que a senhora secretária de Estado tenha a posição de sacudir a água do capote quando a decisão é tomada pelo punho”, retorquiu o autarca social-democrata. “Não se percebe como é que numa escola que tem mais de 40 alunos, que produz tão boas notas, tão bons alunos, não tenha havido vontade política para manter uma comunidade educativa”, terminou.
Segundo Alexandra Leitão, “a indignação” dos manifestantes estava a ser dirigida para o lado errado da barricada, uma vez que tinha partido da câmara o compromisso de encerrar aquele estabelecimento de ensino, que funcionou nos últimos dois anos “ao abrigo de duas autorizações excecionais que o anterior governo determinou serem as últimas”.
Os pais das crianças da escola de Rego não se conformam com a decisão e recusaram transferir os alunos para o Centro Escolar de Gandarela, pelo que as crianças estão sem aulas há duas semanas, desde o início do ano letivo.