O relatório da entidade reguladora do medicamento ainda não está disponível, mas fonte ligada à administração do hospital confirmou ao SOL a decisão de encerramento e adiantou que as obras exigidas arrancaram ontem, prolongando-se por um período estimado de 15 dias. A mesma fonte esclareceu que «não houve qualquer perigo para a saúde pública decorrente da anomalia». O hospital «assegurou externamente a preparação daqueles medicamentos».
O controlo da preparação deste tipo de medicamentos, que tal como destroem células malignas podem causar lesões na pele dos profissionais de saúde que os preparam caso os procedimentos de segurança não estejam totalmente garantidos, tem merecido cada vez maior atenção. A renovação periódica dos filtros de ar é um dos requisitos. Um estudo em dois hospitais da zona de Lisboa divulgado no ano passado pela Autoridade para as Condições de Trabalho dá uma dimensão do problema: em 348 amostras de superfícies recolhidas, mais de um terço estavam contaminadas com fármacos, o que indicava ser necessário reforçar as medidas de precaução. O Infarmed tem entretanto reforçado as fiscalizações para garantir a segurança dos medicamentos que são dados aos doentes e o trabalho dos profissionais de saúde.
Em maio, o regulador anunciou que este ano vai fiscalizar um recorde de 31 farmácias hospitalares, 24 em unidades públicas e sete em hospitais privados, onde se inclui a ação recente no Hospital da Luz. Dados da entidade indicam que até agosto foram fiscalizadas nove unidades. Das irregularidades detectadas, 25% foram consideradas críticas: podiam originar perigo para a saúde. A maioria dos problemas reside na preparação de medicamentos. Até aqui, o único encerramento tornado público aconteceu em abril, quando a preparação de quimioterapia também foi temporariamente suspensa no Hospital das Caldas da Rainha.