Passos estragou as eleições

As eleições autárquicas de 2013 foram mesmo ‘estragadas’ por Passos Coelho. No auge da governação sob o memorando da troika, não havia como fugir aos credores e às suas imposições. O primeiro-ministro e líder do PSD, teimosamente a governar para cumprir e livrar o país de um segundo resgate, não teve contemplações. Não evitou as…

António Costa e o seu Governo, ao contrário, dão hoje ajudas a Fernando Medina todos os dias, seja congelando as rendas em Lisboa, seja fazendo anúncios de uma nova loja do cidadão na freguesia de Arroios.

As eleições autárquicas são aquelas que envolvem mais pessoas: basta dizer que cada freguesia tem a sua própria assembleia com dezenas de pessoas; agora é só multiplicar pelas 3092 freguesias portuguesas.

São dezenas de milhares de portugueses candidatos. Sobretudo do PSD e do PS, que apresentam sempre listas completas.

Os candidatos, do norte a sul e ilhas, da mais pequena freguesia rural à maior freguesia urbana de Lisboa, fizeram campanha em 2013 a defender Passos Coelho e as suas medidas de austeridade, impostas pelos credores.

A situação em Lisboa é sobremaneira especial. Passou de 53 para 24 freguesias. As eleições autárquicas de 2013 foram as primeiras a ser disputadas depois desta reforma. A capital tem agora as freguesias da Ajuda, Alcântara, Alvalade, Areeiro, Arroios, Avenidas Novas, Beato, Belém, Benfica, Campo de Ourique, Campolide, Carnide, Estrela, Lumiar, Marvila, Misericórdia, Olivais, Parque das Nações, Penha de França, Santa Clara, Santa Maria Maior, Santo António, S. Domingos de Benfica, e S. Vicente.

Destas 24 freguesias, o PS ganhou 17 nas últimas autárquicas. E às 17 juntam-se Carnide (a única freguesia PCP na cidade), atualmente muito beneficiada pelo executivo de Fernando Medina, e a do Parque das Nações, que na assembleia municipal vota alinhada com o executivo socialista.

O PSD ganhou apenas cinco juntas: Areeiro, Avenidas Novas, Belém, Estrela e Santo António. E destas cinco, só governa em maioria absoluta em Belém. Nas restantes, está coligado.

Portanto, objetivamente, não só o PSD parte de uma situação muito desvantajosa, como as atuais freguesias de Lisboa são muito grandes: várias têm mais de 30.000 eleitores. Estas freguesias são maiores do que a maioria dos 308 municípios portugueses. Ou seja, qualquer candidato precisa de tempo para conhecer bem a freguesia, conhecer as pessoas, fazer propostas coerentes.

Em 2013, os militantes e candidatos do PSD foram solidários com o primeiro-ministro, sacrificaram-se. Não houve quebras de lealdade, e Passos Coelho até tem essa dívida de gratidão para com eles.

Quem foi a jogo, muitas vezes sabendo que era para perder, estava convencido do patriotismo do Governo.

Passos Coelho tem de compreender que quem já se sacrificou uma vez não está disponível para repetir a derrota em 2017. Na altura, ainda havia um bom motivo; agora, não há motivo algum.