Desde então, nunca deixei de ir ao Lux. Mas há muito que deixei de olhar para aquele espaço como apenas uma discoteca. Ali ouvi alguns dos melhores e mais surpreendentes concertos da minha vida, ali conheci pessoas que vieram a marcar a minha vida, ali ri à gargalhada, dancei até não poder mais. Ali me senti viva.
E tudo isto que escrevi no passado tem, na realidade, mais de presente e de futuro. Não, o Lux, para mim, não é apenas uma discoteca. É um polo cultural da cidade de Lisboa – e não apenas para amantes de música eletrónica – e é um cartão-de-visita, daqueles que constam em todos os guias internacionais. Nós, portugueses, que sempre fomos profissionais em pormo-
-nos numa posição de inferioridade quando nos comparamos com o que se faz lá fora, temos também de olhar, com orgulho, para o que se faz por cá. E o Lux é disto um grande exemplo. Temos, em Lisboa, uma discoteca com 18 anos.
E por lá já passaram figuras como Prince, Dita Von Teese, Rokia Traoré, Róisín Murphy, James Murphy, Panda Bear, Buraka Som Sistema (que ali mantêm uma residência), mas também Michael Mayer,_Dixon, Guy Gerber,_Carl Craig e todos os grandes DJ da atualidade. Muitos deles referem-se ao Lux como um dos melhores clubes do mundo. Foi ali que, na madrugada de 15 de setembro de 2012, ouvi Gisela João cantar “Os Vampiros”, acompanhada por Nicolas Jaar. No dia seguinte, um milhão de pessoas saíam às ruas na manifestação Que Se Lixe a Troika.