Que retrato faz da coleção de arte da Fundação EDP?
A coleção tem vindo a ser constituída ao longo dos últimos 12 anos e tem cerca de 1500 obras, de 250 artistas, tendo sido recentemente muito reforçada com a compra da coleção Pedro Cabrita Reis. São sobretudo artistas contemporâneos portugueses, desde as décadas de 1960 e 70.
Tendo isso em mente, como explica que, na inauguração deste novo edifício, a presença de artistas portugueses não seja mais vincada?
Ao longo de 2017 vamos ter várias mostras com artistas portugueses, do nosso acervo e não só, até porque sempre foi uma preocupação nossa promover os artistas portugueses. Basta ver que temos há largos anos o prémio EDP Arte e o prémio Novos Artistas._São prémios que vamos continuar a ter e que promovem artistas portugueses, jovens e consagrados. Vamos continuar a ter uma política de promoção dos artistas portugueses, não apenas em Portugal, mas também através de parcerias com museus internacionais que permitirão levar estes artistas para fora de Portugal.
Até que ponto é que este investimento inerente ao arranque do MAAT pode influenciar o programa de investimentos da Fundação EDP?
A fundação sempre teve um atividade mecenática muito relevante. Apoiamos dezenas de instituições, muitas delas dependem quase integralmente do nosso mecenato e, portanto, somos muito sensíveis a esse facto e temos muito orgulho nas instituições de que somos mecenas, como é o caso da Casa da Música, da Fundação Serralves, da Companhia Nacional de Bailado, entre outras. Estamos a preparar o orçamento de 2017 e obviamente que não vamos esquecer que um dos traços distintivos da Fundação EDP foi ser sempre um mecenas cultural. Poderá haver reduções em alguns mecenatos, mas manteremos os mais relevantes.
Mas a ginástica vai ser mais complicada, sobretudo porque o orçamento não aumentará?
É evidente. Recebemos verbas basicamente de dois lados: dos acionistas recebemos 7 milhões de euros porque prescindem desses lucros para financiar a fundação, e das empresas do grupo EDP._E temos o compromisso de, pelo menos nos próximos tempos, não pedirmos mais dinheiro. Ou seja, estamos a fazer muito mais coisas com o mesmo dinheiro, o que significa sermos mais eficientes. Mas sem perdermos aquilo que é distintivo da fundação e que é ser solidário, ser atento ao que é a responsabilidade social da empresa, e também aquilo onde o Estado não consegue chegar e onde nós temos ajudado a chegar. Um bom exemplo disto é o programa EDP Solidário, que é o nosso maior programa social, em que apoiamos, por exemplo, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde em mais de um milhão e meio de euros por ano. Temos uma atividade muito extensa, veremos até onde conseguiremos chegar. Mas as preocupações sociais e o mecenato são muito relevantes para nós e continuarão a ser no futuro.
Existe uma preocupação generalizada de que os novos acionistas da EDP não serão muito dados a estas temáticas da arte e da solidariedade.
Não é verdade. Recebi há duas semanas uma delegação chinesa da China Three Gorges em que me vieram apresentar o primeiro diretor executivo da fundação deles, inspirada na Fundação EDP. Portanto, estamos a dar um bom exemplo. Acho que o nosso trabalho fala por si. E na China reconhecem que o nosso trabalho é muito relevante, e por isso criaram uma fundação para atuarem em áreas em que nós já atuamos aqui.