Um sismo provocou há 17 séculos a derrocada do edifício das termas romanas na zona onde é hoje Chaves e “congelou no tempo” um monumento “magnífico” descoberto há 10 anos, antes da construção de um parque de estacionamento.
“Foi necessário fazer sondagens arqueológicas prévias e tivemos a sorte de encontrar este monumento fantástico e único que são as termas medicinais romanas”, conta o arqueólogo do município de Chaves, Sérgio Carneiro.
O projeto de construção do parque de estacionamento subterrâneo no centro da cidade arrancou em 2005 e, mais de uma década depois, foi apresentada uma candidatura a fundos comunitários para musealizar o espaço que se pretende abrir ao público durante o ano de 2018
“É um sítio raro em todo o Império Romano e absolutamente único na Península Ibérica”, salientou o especialista.
Era um edifício de “dimensões monumentais” que ruiu após um sismo registado nos finais do século IV e que ficou “congelado no tempo” até ser descoberto cerca de 17 séculos depois.
O responsável explicou que no local foram encontrados vestígios e analisados dados que confirmam a ocorrência desse sismo.
“Essa derrocada ocorreu quando estavam pessoas a utilizar as piscinas e foram encontrados esqueletos de três indivíduos, de um homem, uma mulher e um adolescente, debaixo do derrube da abóbada que cobria toda esta área e que tinha 10 metros de altura”, referiu Sérgio Carneiro.
O arqueólogo disse que se tratou de uma situação “algo parecida” à de Pompeia, cidade romana atingida e destruída pela erupção de um vulcão.
Para além das estruturas, as muralhas, as duas grandes piscinas e as sete pequenas piscinas individuais, foram aqui descobertos vários objetos de uso pessoal, como adornos, anéis, pulseiras e metais que “estão em condições absolutamente incomuns” pelo facto de “as terras terem ficado húmidas e seladas durante todo este tempo”.