O raciocínio de Sturgeon é simples e o encadeamento lógico, por ela defendido, ainda é mais: o Reino Unido decidiu pelo Brexit, na Escócia venceu o ‘não’ à saída. A Escócia quer ficar na UE, logo a Escócia quer ser independente. Era um dos danos colaterais possíveis do Brexit e foi confirmado, na quinta-feira, pela líder do Partido Nacional Escocês.
Num encontro com membros do partido, em Glasgow, Sturgeon anunciou que vai apresentar, para a semana, um projeto de lei com vista à preparação para a realização de um novo referendo à independência escocesa. «Estou determinada a que a Escócia tenha a capacidade para reconsiderar a questão da independência e a fazê-lo antes que o Reino Unido abandone a UE», proclamou Sturgeon, citada pelo Guardian.
A última consulta popular sobre a separação entre aquela região e o Reino Unido foi em 2014 e resultou na vitória do sim à permanência, com 55,3% dos votos. A decisão de manter o território agregado à Inglaterra, à Irlanda do Norte e ao País de Gales parecia ter arrumado o tema da independência para as próximas décadas, mas o resultado do referendo que ditou o Brexit conferiu um «mandato político poderoso» a Sturgeon, como defendeu a própria, uma vez que, na Escócia, o ‘não’ à saída venceu de forma clara: 62% contra 38% dos votos.
Nesse sentido, o objetivo da primeira-ministra escocesa é preparar o terreno para um novo referendo à independência, a realizar antes de março de 2019, a data prevista para a oficialização da saída do Reino Unido da UE, caso o governo não preveja um estatuto especial para a Escócia. Numa entrevista à BBC, na sexta-feira, Sturgeon negou que esteja a «apressar» um novo referendo e defendeu que apenas quer «garantir que a Escócia permanece no Mercado Único».