Associação Nacional das Farmácias diz que a “perseguição” económica pôs em risco o setor.
Paulo Cleto Duarte frisa que o atual estado do setor resulta da “brutal injustiça e perseguição” económica que foi feita às farmácias durante “a última década”. O representante das farmácias – que falou na cerimónia de entrega do Prémio João Cordeiro – salientou ainda o papel social das farmácias e o trabalho que têm desenvolvido nos últimos tempos. “Somos uma rede solidária”, disse Paulo Duarte, para lembrar que “discretamente, ao longo dos anos, muitas farmácias foram resolvendo o problema do acesso dos portugueses mais necessitados aos medicamentos”. Com a crise, o papel social das farmácias agravou-se. “A conta na farmácia era e é uma instituição. Todos sabemos isso”, acrescenta Cleto Duarte, que lembrou ainda que um em cada cinco portugueses não tem capacidade financeira para adquirir todos os medicamentos de que precisa. “O problema não é o preço dos medicamentos nem é a margem [de lucro] das farmácias, que é a mais baixa da Europa. O problema é a crise na Europa, que atirou muitos portugueses para o desemprego e a exclusão social”, alerta o presidente da ANF. Em resposta, o ministro da Saúde – que esteve presente na cerimónia – lembrou que o “país sofreu muito e empobreceu muito”, mas não deixou de realçar o papel desempenhado pelas farmácias comunitárias e por associações como a Dignitude, que “foram capazes de preencher um espaço do qual o Estado se afastou”.