Morreu António Baptista Fernandes, pioneiro da cirurgia plástica em Portugal

Fez mais de 30 mil cirurgias

O médico António Maria Baptista Fernandes, pioneiro na Cirurgia Plástica e Estética em Portugal, morreu hoje aos 98 anos, disse ao SOL um familiar.

Natural do Funchal, onde nasceu a 20 de março de 1918, licenciou-se pela Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1941. Começou a trabalhar como médico interno nos Hospitais Civis de Lisboa em 1946. 

Durante o internato geral, em 1946, conheceu o clínico inglês Archibald McIndoe, apontado como precursor da cirurgia plástica, enquanto técnica médico-cirúrgica, no período pós guerras mundiais. Aproveitando esse conhecimento, António Baptista Fernandes estagia entre 1948 e 1949 em Inglaterra com McIndoe e outros especialistas internacionalmente reconhecidos, casos de Norman Hughes, Harold Gillis, Kilner, Mowlem e Wallace, desenvolvendo técnicas que viria mais tarde a introduzir em Portugal, caso do método de exposição no tratamento de queimados. Acabará por regressar a  Inglaterra novamente entre os anos de 1954 e 1958, para realizar cursos de aperfeiçoamento para especialistas em Cirurgia Plástica.

Fez mais de 30 mil cirurgias. Em 1961 funda a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética. Leciona também no Hospital Universitário de Santa Maria e a ele se deve, seguindo o modelo inglês, a criação da primeira unidade de queimados que funcionou em Portugal, precisamente naquele hospital de Lisboa. Em 1983 torna-se no primeiro professor de cirurgia plástica reconstrutiva e estética da Faculdade de Medicina de Lisboa e, um ano depois, em 1984, no primeiro catedrático da especialidade em Portugal.

É o fundador da Clínica de Todos os Santos, inaugurada em 1973, como primeiro centro privado português de cirurgia plástica. Integra ainda as sociedades de cirurgia plástica espanhola, inglesa, americana e brasileira, bem como a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética ou a Federação Ibero-Americana de Cirurgia Plástica.

Foi agraciado com a condecoração de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique em e com a Medalha de Mérito (outro) da Ordem dos Médicos.

A riqueza e valor do acervo documental médico-científico que Baptista Fernandes foi capaz de reunir na sua própria casa terá como destino um museu, que a autarquia de Oeiras espera materializar em breve: o Museu Baptista Fernandes. 

Casado, pai de 10 filhos, António Baptista Fernandes residia em Paço de Arcos, Oeiras.

O velório vai decorrer a partir das 18h00 desta terça-feira na Igreja de Nova Oeiras. Amanhã, pelas 10h00, realiza-se a missa de Corpo Presenta no mesmo local, seguindo o funeral para o Crematório do Centro Funerário de Cascais, em Alcabideche.