António Ramalho, presidente do Conselho de Administração do Novo Banco, garantiu ter conseguido cumprir o plano de saídas que estava desenhado para 2016 e que implicava a redução de cerca mil postos de trabalho. Acabaram por sair 1 253 pessoas. No entanto, fica em cima a possibilidade de haver mais cortes já no próximo ano, caso a instituição continue a manter as ajudas do Estado.
Ontem, o presidente desta instituição assumiu na Comissão parlamentar de Trabalho que, caso o banco não seja vendido, há um compromisso com Bruxelas que implica a redução de mais 500 postos de trabalho e ainda a obrigação de fechar mais 475 balcões até ao final do primeiro semestre do próximo ano.
A verdade é que havia, para este ano, um compromisso de cortar 150 milhões de euros nos encargos operacionais, mas, caso a venda não aconteça, o montante que tem de ser poupado aumenta: as poupança têm de aumentar mais de 80 milhões para perfazer um total de 230 milhões.
Entre várias medidas para conseguir atingir o que estava definido para 2016, o Novo Banco teve de avançar com um despedimento coletivo de cerca de 60 pessoas. No entanto, Rui Riso, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, garante que esse grupo de trabalhadores dispensados “eram pessoas que ganhavam muito dinheiro, pessoas dos mais diversos setores, desde empregados de mesa, motoristas, diretores de agências, contabilistas que estavam em casa e outros que nem sequer apareciam ao trabalho porque tinham sido dispensados do serviço pela anterior administração”, lembrando também que “estamos a falar de um conjunto de pessoas com grande proximidade com a anterior administração e que ganhavam significativamente bem em relação a outros trabalhadores”.
Aliás, no entender de Rui Riso eram pessoas que “estavam a prejudicar o banco porque estavam sem fazer nada e a ganhar. Isto não é compatível com um banco que está numa situação difícil e com pessoas que perderam os seus investimentos”.
Recorde-se que, quando em dezembro do ano passado foram estendidas as garantias estatais ao Novo Banco e a data limite para a sua venda foi prolongada para agosto de 2017, a Comissão Europeia impôs novos remédios. O que voltou agora a ser posto em cima da mesa por António Ramalho.
A verdade é que o sistema bancário português continua a ser palco de muita instabilidade. Prova disso é a perda de postos de trabalho registada no setor, ao longo dos últimos anos. De acordo com os últimos dados do Banco Central Europeu (BCE), só entre 2014 e 2015 o número de trabalhadores bancários em Portugal reduziu-se em 1392. Um período que ficou também marcado pelo fecho de mais de 300 agências.
Mas os números divulgados por Frankfurt mostram que esta tendência não é de agora. Recuando até 2011, é possível perceber que, desde essa altura, o corte de postos de trabalho supera em muito os 7 mil.