Este ano, o festival prolonga-se durante uma semana inteira: de segunda, dia 24, até domingo, dia 30. “Quisemos celebrar e por isso não nos fazia sentido estar a parar o festival a meio para continuar no fim-de-semana seguinte”, conta o programador Pedro Azevedo. “O desafio foi encontrar nomes que pudessem relacionar-se com o Musicbox ou com a história da música moderna dos últimos dez anos”.
Neste novo formato há vários tipos de bilhetes disponíveis: entradas isoladas para sessões de concertos ou clubbing; bilhetes diários; e pacotes especiais, um que permite o acesso livre a todas as sessões e outro com cinco entradas que permite criar o próprio roteiro durante a semana.
A primeira noite, segunda-feira, já está esgotada com o regresso dos Wild Beasts.
Mas a semana é longa, há muita música para ouvir e descobrir: o i escolheu oito propostas imperdíveis na edição deste ano do Jameson Urban Routes.
The Comet is Coming
A estreia em Portugal deste trio inglês desmontador de géneros acontece na noite de dia 28, mas é uma data que deveria ser já colocada em agenda para não se perder, por nada desta vida, a vinda de Danalogue the Conqueror (teclados e sintetizadores), Betamax Killer (na bateria) e de King Shabaka (no saxofone). Dizem tocar um funk espacial apocalíptico, definição que nos faz pensar em tornados, danças à chuva e rodízios de carnes no palco do Musicbox. Mas o prato principal será o eletro-psicadelismo tribal de “Channel The Spirits”, o disco de estreia do grupo e que até esteve na lista dos prémios Mercury deste ano.
Sexta-feira, 28 de outubro, 21h
Gold panda
Se há produtor/DJ que teria a capacidade de fazer o público acender isqueiros para acompanhar o seu set de forma emocionada, será Gold Panda. O produtor inglês, mestre no beatmaking sentimental que faz os pads do MPC_chorar, traz ao Jameson Urban Routes o terceiro disco, “Good Luck And Do Your Best”, que o faz regressar, de certa forma, às paisagens desenhadas no seu álbum de estreia, “Lucky Shiner”. O oriente continua a marcar a sua vida: o Panda – animal respeitadíssimo na região onde o sol nasce – já viveu no Japão, estudou na Escola de Estudos Orientais da Universidade de Londres, este novo trabalho foi criado a partir de uma série de viagens realizadas até ao território nipónico.
Quarta, 26 de Outubro, 21h
Live Low + Bloom
A noite de terça-feira será feita de duas estreias. Não é um cenário novo no Jameson Urban Routes, que já em 2008 acolheu a estreia dos Orelha Negra. Este ano há a oportunidade de escutar o novo projeto de Pedro Augusto, que já conhecíamos como Ghuna X, e que agora responde título de Live Low (na foto). Vem acompanhado pela turca Ece Canli, Gonçalo Duarte e Miguel Ramos para fazer a recriação de algum repertório do cancioneiro tradicional português através de uma eletrónica minimal. Na mesma noite, JP Simões apresenta a sua nova persona musical, Bloom, que eleva e ilumina as suas composições para um universo mais etéreo.
Terça-feira, 25 de outubro, 21h
DJ Earl
O homem de Southside Chicago aterra no Cais do Sodré para uma noite ao estilo de batalhas de dança. Foi nesse espírito que cresceu DJ Earl, produtor e um dos elementos da crew Teklife (casa de nomes fundamentais do panorama do footwork tocado e também dançado como DJ Rashad ou RP Boo). A noite do clubbing dessa noite do Jameson Urban Routes fica entregue aos beats pesados que cruza com uma enorme variedade de samples que vão do jazz ao funk, passando por todo o tipo de maquinarias e sintetizadores até ao hip hop mais clássico. O seu último trabalho, onde também participa Oneohtrix Point Never, chama-se “Open Your Eyes”.
Sábado, 29 de outubro, 00h30
Teebs
É sabido que a editora norte-americana Brainfeeder – fundada pelo senhor Steven Ellison, mais conhecido por Flying Louts – não costuma levar na desportiva os nomes que publica. Mtendere Mandowa, que usa o nome artístico de_Teebs, passeia-se, desde 2010 (ano em que editou o seu trabalho de estreia) pelos territórios de uma eletrónica mais delicada e que deixa perceber porque é que Fly-Lo o puxou para o seu lado. O concerto no Jameson Urban Routes, na secção de clubbing, vai permitir perceber que Teebs – que também é artista visual – tem uma abordagem mais compassada às criações, que o colocam mais perto do espetro das batidas do hip hop.
Quinta-feira, 27 de outubro, 00h30
Cate Le Bon
Uma das coisas mais bonitas na música da cantora galesa é o descomprometimento total com o cumprimento das regras do bem parecer. Tanto nas letras que escreve como na forma que as interpreta. Cate Timothy, o seu nome verdadeiro, tem a sua própria estética que se reveste muito pelas coordenadas do rock britânico, sujo e cru, que vem da década de 1980. Mas dá gosto ouvir o seu belíssimo sotaque e a sua voz frágil e honesta, com um toque de pop de câmara. Para o Jameson Urban Routes, traz “Crab Day”, disco que editou na primavera e que volta a quebrar regras através de um sentido desconstrutivo que alguns dizem ser uma aproximação a correntes surrealistas. E por que não?
Sábado, 29 de outubro, às 21h
Lonnie Holley
Mais vale ser otimista e dizer que a história encarrega-se sempre de dar aos bons um lugar de destaque. Lonnie Holley, aos 66 anos, tem hoje a oportunidade de andar em digressão pelo mundo a mostrar as suas visões artísticas (musicais, plásticas e fotográficas) depois de ter feito de tudo um pouco na vida – desde funcionário de drive-in até empregado de cozinha. Tanto em palco como nos dois únicos discos que editou, “Just Before Music” e “Keeping a Record of It”, tudo parece girar à volta da sua voz. Seja lá de que forma for: seja através de paisagens celestiais, das barras do hip hop, da soul ou do folk. Tudo é válido na expressão do senhor Holley.
Sábado, 29 de outubro, 16h30
Sensible Soccers
É impossível não sublinhar o regresso a Lisboa dos Sensible Soccers. A banda de Fornelo, em Vila do Conde, editou em fevereiro o segundo longa-duração, “Villa Soledade”, e tem vindo a tocá-lo um pouco por todo o país. O palco do Musicbox costuma ser uma casa confortável para a recriação das suas melodias instrumentais, de cariz pop-eletrónico em tons sépia, que foge à melancolia, mas apela às memórias de quem cresceu com as festas de aldeia na década de 1990. Já os vimos por ali noutro Jameson Urban Routes, em 2012, a abrir para Twin Shadow; e um ano depois na apresentação de “8”. Nunca nos falham.
Sexta-feira, 28 de outubro, 21h