Portugal Masters. Ricardo Melo Gouveia com novo recorde

“Estou muito contente pela maneira como o meu jogo evoluiu desde o último torneio e agora é continuar”

Ricardo Melo Gouveia quebrou hoje mais um recorde nacional ao tornar-se no português que mais vezes passou o cut no Portugal Masters, o único torneio luso integrado no European Tour, com 2 milhões de euros em prémios monetários.
O português de 25 anos qualificou-se para os dois últimos dias de prova no Victoria Clube de Golfe, em Vilamoura, pela quarta vez, repetindo os sucessos de 2010 (ainda como amador), 2014 e 2015.

Ricardo Melo Gouveia completou hoje a segunda volta em 68 pancadas, 3 abaixo do Par do traçado desenhado por Arnold Palmer, e totaliza agora 134 pancadas, 8 abaixo do Par.

O nº1 português e 95º na Corrida para o Dubai tinha conseguido ontem um resultado de 66 (-5) e partiu para a segunda volta de hoje no 12º posto (empatado). Desceu para o grupo dos 27º classificados, que inclui mais nove jogadores, entre os quais o sueco Alex Noren, o único que este ano já conquistou três torneios do European Tour.

Ser 27º entre 126 jogadores da elite europeia é uma classificação positiva. Basta dizer que Thomas Pieters, uma das estrelas da equipa europeia da Ryder Cup há três semanas, passou o cut “à queima” no 65º posto (empatado), com 138 (-4).

«Nunca tinha estado com tantas pancadas abaixo ao fim de dois dias. Oito abaixo do Par deixa-me com hipóteses de fazer um bom resultado no fim de semana. Estou muito contente pela maneira como o meu jogo evoluiu desde o último torneio e agora é continuar», disse o português residente em Londres.
A sua melhor participação de sempre no Portugal Masters aconteceu no ano passado, quando foi 31º, com um agregado de 5 pancadas abaixo do Par.

Se ontem o profissional do ACP Golfe não perdeu nenhuma pancada, hoje sofreu o seu único bogey até ao momento, no buraco 7, o 16º da sua volta.

«Foi o meu único mau swing, na segunda pancada», elucidou. Em contrapartida, no buraco 14, o 5º da sua volta, espalhou um pouco de magia no campo, ao salvar o Par-4 com uma segunda pancada dada com os pés dentro de água, descalço e de calças arregaçadas, seguindo-se um chip que deixou a bola colada à bandeira!
«Hoje joguei outra vez muito bem. Não meti tantos putts como ontem, mas estive bem. Estou finalmente a conseguir fazer este ano um pouco do que já tinha feito no ano passado: poucos erros e alguns birdies. Estou muito contente», concluiu o nº1 do Challenge Tour de 2015, que se vê a apenas 2 pancadas do top-10.

Nesta fase da sua carreira, em que já é membro efetivo do European Tour, em que já esteve no top-100 do ranking mundial há poucos meses (é atualmente o 161º) e em que se apurou para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, passar o cut deixou de ser suficiente.

Quando se sente no topo de forma, como quando chegou há um ano ao torneio algarvio, Ricardo Melo Gouveia não tem receio de declarar que luta pela vitória nos torneios; e quando se sente menos bem, como dizia antes do torneio começar, mantém ambições elevadas, como um top-10 que poderá levá-lo à Final Series do European Tour.
Pedro Figueiredo o segundo melhor luso.

Ricardo Melo Gouveia foi o único dos oito portugueses a passar o cut, que se fixou em 4 pancadas abaixo do Par, ou seja, muito perto do recorde do torneio que foi de -5 em 2011.

O bom tempo e, sobretudo, os roughs muito mais baixos este ano explicam os resultados de tão elevada qualidade, com 95 jogadores dos 126 a baterem o Par do campo aos 36 buracos.

Tendo em conta que Filipe Lima (que passou o cut em 2007, 2009 e 2010) está a competir na China, só Pedro Figueiredo poderia ter hoje igualado a proeza de Ricardo Melo Gouveia de passar quatro vezes o cut em Vilamoura.
“Figgy” fê-lo em 2011, 2012 e 2014 e hoje acabou por ser o segundo melhor português, nesta 10ª edição do Portugal Masters, mas foi eliminado no 104º lugar com 143 (73+70), +1, empatado com mais três jogadores, entre os quais o campeão em título do Madeira Islands Open BPI, on finlandês Roope Kakko.

«Estou a jogar muito melhor do que há uns meses. É pena que os resultados ainda não espelhem isso», disse Pedro Figueiredo que, embora preveja que possa vir a competir no próximo Algarve Pro Golf Tour, ainda não fez planos competitivos para os próximos tempos:

«Este foi o meu último torneio desta temporada. Vou sentar-me com a minha equipa e pensar no futuro, pensar em que circuito irei jogar, porque para o ano não terei o cartão do Challenger Tour, como nestes últimos dois anos.
«Vou ver quais as opções. Talvez os torneios de qualificação na Ásia. É uma das possibilidades, mas terei de ver com calma e a partir daí tomar uma decisão».

Classificação dos outros portugueses

Os outros portugueses terminaram a sua participação no 10º Portugal Masters nas seguintes classificações:
108º (empatado) Pedro Lencart, 144 (74+70), +2 (amador)
112º (empatado) João Carlota, 145 (75+70), +3
118º João Ramos, 147 (70+77), +5
123º Tiago Cruz, 151 (76+75), +9
124º Hugo Santos, 152 (73+79), +10
125º Tomás Silva, 153 (74+79), +11 (amador)
Apesar de haver sete portugueses eliminados, merece destaque o facto de três deles terem conseguido hoje voltas abaixo do Par, de 70 (-1).
Dois resultados perto do recorde Hoje foi, aliás, um dia em que houve resultados ainda mais baixos, com dois jogadores a lograrem fantásticas voltas de 61 pancadas, 10 abaixo do Par, primeiro pelo escocês Richie Ramsay e depois pelo inglês Andy Sullivan, ficando ambos a 1 pancada do recorde do campo, as 60 (-11) de Scott Jamieson em 2013.

Andy Sullivan, que há três semanas integrou a seleção europeia da Ryder Cup derrotada nos Estados Unidos, colocou-se assim em posição de tornar-se no primeiro jogador a somar dois títulos do Portugal Masters.
O campeão de 2015 tinha feito ontem 67 (-4), mais 1 pancada do que Ricardo Melo Gouveia. Com o 61 (-10) de hoje, ascendeu ao topo da classificação, onde está empatado com o líder de ontem, o escocês Marc Warren (63+65), ambos com 128 pancadas, 14 abaixo do Par.

«Sabia que precisava de uma grande volta para aproximar-me dos da frente e se começasse forte, os meus apoiantes iriam ficar ainda mais do meu lado e poderia usar esse ambiente para inspirar-me. Funcionou», afirmou o sorridente Andy Sullivan, que tem aqui 70 sócios do seu clube de golfe da localidade inglesa de Nuneaton, apelidados de “Sully’s Army”.