Há modelos que são apostas para que as gigantes tecnológicas possam somar lucros e multiplicar o peso da reputação. Mas nem todos os lançamentos correm bem. Que o digam os responsáveis pela Samsung que fez nascer o Galaxy Note 7 para fazer face à nova aposta da Apple, o iPhone 7. Mas que viu este lançamento transformar-se num verdadeiro desastre, depois de se multiplicarem casos em que o dispositivo explodiu. A gigante sul-coreana foi obrigada a anunciar o fim da produção do modelo. Principalmente depois de se ter afundado em bolsa e de se ver forçada a gastar mais de 15 mil milhões de euros na recolha dos equipamentos.
A Samsung quis adiantar-se no lançamento do novo modelo para competir com o novo dispositivo da Apple, mas nada correu como previsto. No entanto, este não é o único caso em que uma empresa desta dimensão se vê forçada a pedir desculpa aos clientes.
Nesta luta de gigantes, há passos que podem causar um verdadeiro tsunami reputacional e financeiro. Em fevereiro deste ano, a grande rival Apple via-se obrigada a pedir desculpa aos clientes por causa do ‘erro 53’. Por esta altura, muitos consumidores viram o seu iPhone ‘morrer’ depois da atualização do sistema operativo. O dispositivo bloqueava e ficava simplesmente inutilizado. Ou seja, além de os dados ficarem completamente inacessíveis, o próprio aparelho passava a ser tão útil quanto pisa-papéis.
A gigante acabou por ser obrigada a pedir desculpa a todos os consumidores afetados e viu-se forçada a lançar uma atualização que permitisse ressuscitar o telefone.
Já em 2012, Tim Cook viu-se obrigada a pedir desculpa por falhas nos mapas do iPhone 5. A empresa foi obrigada a admitir que tinha falhado no cumprimento das expectativas dos clientes. O CEO da Apple chegou mesmo a sugerir que o melhor era os clientes optarem pela utilização de aplicações rivais ou até mapas da Google.
Mas existem outros exemplos tanto da Apple como de outras empresas. A LG também começou o ano de 2016 com o pé esquerdo nesta matéria. Em janeiro, teve de reconhecer publicamente uma falha grave do LG G4 e viu-se igualmente obrigada a prometer que ia reparar todos os modelos afetados. Os telemóveis também ficavam indefinidamente sem ligar.
E os casos multiplicam-se, sendo que a própria Samsung já teve outros problemas, nomeadamente com o Galaxy Note 5, que muitos dizem que podia deixar de funcionar caso a caneta fosse inserida ao contrário.
Perdas são preocupantes
Uma das consequências dos problemas do Galaxy Note 7 foi a perda em bolsa. As ações da empresa chegaram a fechar a cair 8,04%, o que representa a maior queda em oito anos. No dia 12 do mês passado, os investidores da marca sul-coreana já tinham recuado em cerca de 8,8 mil milhões de euros.
Em resposta aos vários casos de explosões – uma delas durante um embarque num aeroporto dos EUA –, a empresa decidiu então ser radical e acabar com a produção do modelo. Mas ainda que esta decisão tenha sido tomada para evitar mais problemas, muitos técnicos afirmam que a empresa pode sair muito prejudicada por vários fatores.
De acordo com a Reuters, a recolha de aparelhos pode custar à Samsung cerca de 17 mil milhões de dólares (cerca de 15,2 mil milhões de euros) – valor que tem como base os cálculos do Crédit Suisse.
Mas para muitos analistas, o problema não é a perda de receitas ou o que terá de ser gasto a recolher os equipamentos. Em cima da mesa está acima de tudo a preocupação quanto à reputação da empresa. Segundo os analistas do Nomura, «o incidente pode afetar a procura de outros modelos da Samsung». E o cenário não podia ser mais catastrófico para a gigante sul-coreana.
Em comunicado, a Samsung fez saber durante o dia de ontem que espera ter um impacto negativo na ordem dos 3 mil milhões de euros nas contas do quarto trimestre de 2016 e primeiro trimestre de 2017.