O Benfica abre hoje a nona jornada da Liga com uma receção ao Paços de Ferreira no cenário mais festivo: é líder, com três pontos de vantagem sobre o FC Porto e cinco sobre o Sporting, e celebra os 13 anos da inauguração do Estádio da Luz e a reeleição de Luís Filipe Vieira como presidente. Ora, para abrilhantar este quadro tão aprazível, dificilmente poderia haver melhor adversário que o desta noite: é que o Paços, nos 18 confrontos com o Benfica na Luz para o campeonato, venceu… uma única vez, há mais de 15 anos. De resto, só derrotas: um bombom para os meninos de Rui Vitória.
Como é habitual, ainda assim, o técnico do Benfica assumiu uma postura conservadora, alertando para os perigos que poderão advir de uma equipa que “está a assimilar as ideias de um novo treinador e quer impor a sua forma de jogar”. “Não há jogos fáceis”, salientou Vitória. É verdade, mister – e se há ano que o tem confirmado, é 2016. Mas há uns mais fáceis que outros…
Miolo mais composto Do discurso de Rui Vitória, o que merece real destaque é a confirmação de que Rafa, Jardel e Jonas ainda vão demorar algum tempo a voltar às opções. Pelo contrário, Lindelof e Grimaldo, que estiveram limitados durante a semana, “estão convocados e vão a jogo”, tal como Samaris e André Horta.
Fortalecido, portanto, o miolo, e com o Paços como obstáculo “menor” numa luta “maior”, surgem já no horizonte os duelos verdadeiramente decisivos que se avizinham: Dínamo Kiev na Luz, na terça-feira para a Liga dos Campeões, e a visita ao_Dragão do próximo fim de semana. E embora Rui Vitória não se queira comprometer, garantindo ainda nem ter pensado no jogo com os ucranianos, lá admitiu que a vantagem pontual que leva sobre FC Porto e Sporting “não é significativa”, ainda para mais com um clássico tão perto. “São plantéis de grande qualidade e estamos numa fase inicial, todos têm muito de trabalhar. Temos a vantagem matemática, claro, mas não é importante nesta altura”, frisou, sempre no seu registo moderado.
No bonfim, só peixe e pontos Para os lados do norte também já se vai pensando na receção ao Benfica, embora até lá ainda haja dois obstáculos a ultrapassar. Pouco significativos, ainda assim. Primeiro, uma deslocação que costuma ser prazerosa: em Setúbal, terra do bom peixinho, o dragão não encosta às boxes desde 1997 – já lá vão 19 anos. E estamos a falar de um empate! Daí para cá, só vitórias e regressos ao Porto de sorrisos nos lábios. Agora, a lógica dita desfecho semelhante, até porque os comandados de Nuno Espírito Santo vão na melhor fase da temporada: quatro vitórias consecutivas. Depois, segue-se a receção ao Club Brugge – aqui, o mais difícil já foi feito: vencer na Bélgica com uma reviravolta consumada no último lance do jogo.
O momento é bom e convida a manifestações de confiança, mas Nuno decidiu vestir a pele do sábio Vitória e alinhou pelo dom da moderação. “Entendo que exista euforia pelos nossos últimos resultados junto dos adeptos. Mas internamente isso não existe. O foco é único, sem olhar para fora: olhamos sempre para dentro”, garantiu ontem o treinador portista, elogiando o adversário, uma “boa equipa, bem orientada, com bons jogadores”. “Ainda ontem [anteontem] venceu o Santa Clara com justiça. Não temos excessos de confiança, queremos é dar o máximo para tentar vencer de forma contundente”, disparou.
Sobre o futuro, nada de nada. “Seria um erro e falta de respeito olhar mais além do que o jogo em Setúbal. É o primeiro e o mais importante. A melhor maneira de preparar o seguinte é vencer em Setúbal”, realçou, mostrando felicidade por já não ter qualquer jogador lesionado. “Um bendito problema”, foi como o descreveu.