Fernando Nunes da Silva, professor de Urbanismo e Transportes no Instituto Superior Técnico, abandonou no início do ano o cargo de vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa por discordar das políticas da autarquia em relação às obras, essencialmente no chamado Eixo Central.
Onze meses depois e com a cidade transformada num estaleiro, Nunes da Silva diz que os seus “piores receios” se confirmaram. “A cidade está partida em dois”, disse ao i. “Sempre discordei desta opção por um espaço viário da cidade que beneficia mais a imagem do que a funcionalidade”.
Para o professor, fazer todas as obras em simultâneo é uma ideia errada desde o início, mas há outras decisões do executivo camarário que não têm ajudado a circulação dos veículos. “Acho espantoso que não haja sinalização indicativa de vias alternativas correta para os condutores. Há muitas indicações que ainda estão erradas”.
O ex-vereador descreve a situação no Eixo-central como “impossível”, com percursos que deveriam demorar 5 minutos a chegar aos 40. E diz que os transportes públicos não têm conseguido dar resposta aos problemas da população.
“Os transportes, tanto o Metro como a Carris, já tinham sofrido um estrangulamento enorme antes desta situação, com uma grande redução de meios. Há muitos autocarros e carruagens paradas. Só acho curioso que a Carris, quando era vereador, estava sempre a levantar todas as questões possíveis devido aos percursos alternativos e facilmente disparava para a comunicação social. Agora, com a cidade inteira em obras, há um silêncio total da companhia”, denuncia.
Nunes da Silva diz que a questão da circulação viária em Lisboa será mais fácil, pelas razões óbvias, quando as obras terminarem. Mas diz duvidar de que será melhor do que antes.