Campeonato Nacional. Para já, quem manda manda parar!

Para já marcado para o dia 11 de Dezembro, daqui a duas jornadas, o Benfica-Sporting será o próximo jogo a poder mexer fortemente com as contas da tabela classificativa

Bem sei que falta muito. Mas vamos até ao dia 11 de Dezembro, embora sob reserva, já que o campeonato português agora é o rei dos adiamentos e adiantamentos. Jornada 13. Benfica recebe Sporting no Estádio da Luz. Que diferença existirá entre os dois rivais nesse fim-de-semana? Os cinco pontos que hoje se vêem? Menos? Mais? Perguntas às quais ninguém é capaz de responder neste momento.

Para já, algo é certo: depois do empate/vitória dos encarnados nas Antas – com um toque de sorte à mistura, pois muito bem, mas qual é o campeão que não a tem? – , o Sporting recuperou um bocadinho em relação ao rival da Segunda Circular. De sete pontos de atraso passou a cinco e, mais valioso do que isso, pelos menos em termos psicológicos, voltou a ser segundo da tabela ainda que em igualdade pontual com os dragões. Estamos nós com o campeonato animadinho, ainda cheio da adrenalina de um “clássico”, com golos nos últimos minutos e tudo como manda o figurino e, bandeira!, eis que tudo volta a cair na habitual modorra das selecções e taças que interrompem as jornadas com a fúria de uma acalmia sobre ventos dos mares do sul. É demais, convenhamos. Primeiro, introduz-se um Portugal-Letónia que pode ser muito importante para a qualificação portuguesa que tem em vista a próxima fase final do Campeonato do Mundo, na Rússia, com os seus milhares de quilómetros ao desbarato, de Moscovo a Vladivostok, atravessando o Cáucaso e a Sibéria, mas que agora até soa a uma grande estucha; em seguida, mais uma eliminatória da Taça de Portugal que teima em querer levar a festa às terriolas aos domingos, tivessem as ditas terriolas o mínimo de capacidade para receber jogos com equipas com mais de um milhar e meio de adeptos. E os domingos fossem como dantes.

Duas jornadas Claro que até o “derby” chegar ainda há que ultrapassar duas jornadas do campeonato, tão côxo como querem que ele seja, benza-os Deus na sua infinita misericórdia. No dia 26 deste mês vai o Sporting ao Bessa confrontar o Boavista, num diálogo entre leões e panteras, ao mesmo tempo que o FC Porto viaja até Belém onde ainda recentemente teve os seus desgostos. É evidente que não se espera outra coisa que não vitórias dos que são mais fortes. Nem que seja para pressionar um bocado o Benfica que, no dia seguinte, recebe o Moreirense no Estádio da Luz. Com as complicações de uns, podem muitobem os outros. E assim continuará a ser até ao fim dos tempos. Melhor: com as complicações de uns, sobrevivem os outros, e por isso não deixa de ser curioso e vir a propósito dar uma olhada no que pode acontecer até esse dia de “derby” agendado numa espécie de tira-teimas daquilo que foi, na época passada, a luta entre irmãos – que são piores do que inimigos, como dizia Pittigrilli – pela conquista do título que se vestiu de encarnado berrante. 

Ora bem, na jornada anterior a esse “derby” que já tanto promete, mesmo à distância de mais de um mês, as águias voam até ao Funchal, num sempre complicado confronto contra os leões da Almirante Reis, o Marítimo, enquanto o Sporting recebe o V. Setúbal e o FC Porto é visitado pelo Braga. Façam-se contas de cabeça, se vos der na real gana, mas a coisa promete ferver. Até porque logo em seguida, nestes exageros em que os portuguesinhos são férteis, temos jogos em barda, no dia 18 e dia 21, antecipando o Natal e uma tal “final four” recentemente inventada para dar à Taça da Liga um bocado mais de pimenta do que aquilo que ela vem tendo.

Esperem até lá Que o Benfica-Sporting promete, disso não restem dúvidas. Diz a lógica, que é tantas vezes uma batata, e grelada ainda por cima, que chegarão ambos ao embate da Luz com a diferença que hoje os separa. Assim sendo, cabe à equipa de Jesus uma vitória que a relance no caminho do título, tal como era necessária este domingo ao FC Porto. Caso contrário – isto é, derrota – um desfiladeiro demasiado profundo para ser saltado a pés juntos de um dia para o outro. Nunca nada é definitivo nesta fase do campeonato, recordou Rui Vitória, nas Antas, e muito bem. Mas é com passos relativamente definitivos que se completam os passos finais. À medida que o tempo corre – acreditem que o dia 11 de Dezembro está já aí ao virar da esquina – os erros ganham mais peso e as vitórias transforma-se em paisagens abertas para lá da linha do horizonte. Quem segue na frente vai encher primeiro os olhos com as miragens alegres de dias bons. Quem vai atrás sente sempre o peso das frustrações.