Já por inúmeras vezes me vi em posição de ser chamada de Velha do Restelo (muitas vezes fui a primeira a intitular-me desta forma). Não tanto pelo pessimismo mas por alguma apreensão com que olho para a novidade. Sobretudo para as novidades tecnológicas. Tive um smartphone pela primeira vez há relativamente pouco tempo, no campo das redes sociais apenas acompanho de forma ativa uma delas.
Posto isto, quando comecei a ouvir falar da vinda da Web Summit para Lisboa era a primeira a assobiar para o lado que isso de conferências para geeks que vivem com a cabeça enfiada nos computadores não é para mim. Claro que já tinha percebido que seria uma iniciativa grandiosa, com um peso significante para Lisboa e que contribuiria para colocar, de forma mais vincada, a nossa capital no mapa mundial.
No entanto, no que diz respeito a conteúdos, continuava crente de que se tratava de uma cimeira reservada aos que fazem das tecnologias a sua forma de estar na vida. Com a data de arranque a aproximar-se – e o assunto a tomar conta de quase todas as conversas – vi-me vencida pela curiosidade e fui espreitar o site oficial. De repente senti-me a pior das Velhas do Restelo.
A mais pessimista, a mais conservadora, a mais burra. Percebi que a Web Summit é muito mais que um encontro de geeks fechados no seu mundinho. É, quanto muito, um encontro de geeks que concentra esforços no alargamento desses mundinhos, na criação de redes de contactos e de trabalho.
Gente que acredita que temos todos a ganhar quando olhamos para o lado e ouvimos o que os outros têm a dizer – e quão curioso é que sejam os tais geeks os grandes promotores disto! E por muito que possamos questionar se isto vale os preços astronómicos cobrados por bilhete, parece-me inegável a importância de Lisboa ser anfitriã. Agora resta saber se seremos capazes de ouvir o que cá vêm dizer.