“Um orgulho muito grande”, diz Maniche. “Sobretudo por ter sido o único português presente”. Presente onde? Cá estamos nós para responder. A “Marcha Verde”. Uma ideia do rei Hassan II, de Marrocos, dos tempos do pós-colonialismo. Há 41 anos, precisamente, uma marcha da paz: 350 mil civis marroquinos caminharam entre Agadir e a fronteira do Sara Espanhol, agora conhecido como Sara Ocidental. Quase 600 quilómetros todos os anos recordados e que, este ano, coincidiu com o COP-22, a 22ª Conferência das Partes da Convenção – Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, realizada em Marraquexe e na qual estarão presentes chefes de estado de muitos países do mundo.
“Al Massira Al Kadra” chamou-se a primeira marcha, em 1975. Uma manifestação patriótica e religiosa que mitificou Hassan II. O seu filho, Mohammed VI, retira-se para a cidade de Al Aaiaun celebrando a data e presidindo a todas as manifestações de massa. Uma festa nacional, portanto. Maniche esteve lá: “Tivemos uma recepção principesca, ao nível do ponto mais alto da diplomacia. Naybet e Tahar foram anfitriões excelentes! E eu senti um profundo reconhecimento por tudo o que fiz pelo futebol português e mundial. Estou muito feliz!”
Maradona à cabeça, claro! “Partilhar o balneário com ele, jogar com ele na mesma equipa, mesmo agora depois de ambos retirados, receber os seus passes e tocar a bola para ele, foi fantástico para mim que, em miúdo, coleccionava fotos dele. Grande experiência!”
Maradona, sim, mas também Michel Salgado, Caniggia, Abedi Pele, Higuita, Rivaldo, Edmundo, Asprilla, Diouf, Weah, Hadji, Boullarouz, Paulo Assunção… No Estádio Xeque Laagdhef, defrontaram-se uma equipa com antigos jogadores africanos e outra de antigos jogadores do resto do mundo. Vamos e venhamos: que importa o resultado? O estádio encheu por completo! “O convite que me fizeram foi extremamento honroso”, conta Maniche, qua chegou a jogar com Tahar e Caniggia no Benfica. “Fiquei muito satisfeito por ter sido o único português convidado e por perceber a importância do evento. Foram dias maravilhosos que tenho de agradecer à federação marroquina e ao rei de Marrocos, responsáveis pela minha presença”. Junto às primeiras areias do Sara, Nuno Ribeiro, que todos conhecemos por Maniche, voltou aos grandes momentos. Jogou ao lado de Maradona e viveu dias exóticos em Marrocos. Viu o deserto.