O embaixador norte-americano em Lisboa, Robert Sherman, acredita que nada vai mudar nas relações entre os Estados Unidos e Portugal após a eleição do republicano Donald Trump como 45.o presidente dos Estados Unidos, ao derrotar de forma clara e surpreendente a democrata Hillary Clinton.
“Toda a gente ficou surpreendida [com os resultados], sobretudo aqueles que acompanharam as últimas sondagens”, disse Robert Sherman em declarações à margem de uma passagem pela Web Summit, que hoje termina em Lisboa, lembrando que os estudos de opinião apontavam para que Trump viesse a perder para Hillary.
Acentuando que, enquanto diplomata, tem de manter a neutralidade nesta matéria, o diplomata assegurou, todavia, que em matéria das relações bilaterais Lisboa-Washington “nada deverá mudar”. “Essas relações são fortes e não prevejo mudanças. Portugal é um grande aliado”, assegurou o diplomata.
Para o embaixador, nomeado por Barack Obama, Portugal é “um país com excelentes oportunidades que continua a atrair investimentos e empresas dos Estados Unidos”.
“Prevejo um ótimo futuro entre os dois países nos próximos anos”, concluiu.
Horas antes, durante a noite eleitoral, Robert Sherman tinha assumido que a candidatura de Trump representava o desencanto com o sistema político, que falha ao não dar à classe média as vantagens do crescimento económico e da criação de empregos.
Para o diplomata, o que os eleitores disseram ao escolher Trump foi que “estão fartos de promessas que não se concretizam e, por isso, votam numa pessoa de fora do sistema”. Isto mostra uma tendência mais generalizada de movimentos contra o sistema político, “não só nos EUA, mas também em vários países da Europa”.
O sucessor de Barack Obama vai tomar posse a 20 de janeiro de 2017, numa cerimónia pública junto ao edifício do Capitólio, em Washington.
Marcelo felicitou Trump O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, terá sido dos primeiros estadistas a felicitar o candidato do Partido Republicano.
Numa mensagem dirigida a Donald Trump logo na manhã de terça-feira, o chefe do Estado felicitou-o pela vitória nas eleições presidenciais e desejou-lhe sucesso no exercício das funções que “foi chamado a desempenhar pelo povo norte-americano”.
Marcelo destacou os “laços de amizade que unem Portugal e os EUA” e lembrou a “significativa comunidade de portugueses e lusodescendentes residentes nos Estados Unidos”.
Governo reage a partir do MNE Da parte do governo, a reação chegou através de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “O governo português felicita Donald Trump pela sua eleição como presidente dos Estados Unidos da América. Portugal e os Estados Unidos estão unidos por uma longa relação histórica, por muitos interesses comuns e pela presença de uma importante comunidade portuguesa e lusodescendente residente naquele país. A cooperação entre as duas nações é vasta e diversificada, abrangendo áreas como a defesa e segurança, o comércio e investimento, a ciência e tecnologia”, lia-se numa nota do Palácio das Necessidades enviada às redações.
O ministério tutelado por Augusto Santos Silva acentuou ainda que a diplomacia e o país confiam que “as prioridades da política externa da nova Administração se situem no grande quadro de valores que tem norteado a ação dos Estados Unidos no mundo, no compromisso com o sistema multilateral das Nações Unidas, com a Aliança Atlântica e com o desenvolvimento das relações com a União Europeia”. “Portugal cooperará lealmente com os Estados Unidos, quer no âmbito bilateral quer no âmbito multilateral, respeitando o direito internacional e os valores democráticos e reforçando os laços que tão profundamente ligam os dois países”, remata a missiva.
Ainda durante a manhã de ontem, o primeiro-ministro, António Costa, felicitou também Donald Trump pela eleição. Já numa intervenção pública, o chefe do governo deixou uma frase que motivou alguns sorrisos na assistência: “Podemos ficar contentes com as notícias do dia-a-dia. Ou podemos ficar tristes com as más notícias do dia-a-dia, que também as há.” Todavia, António Costa nunca assumiu que estava a referir-se ao resultado das eleições norte-americanas. “Temos por hábito respeitar as decisões democráticas dos povos de quem somos amigos e com quem temos relações. Temos o desejo de manter essas boas relações. O governo já felicitou Trump pela eleição. Em Portugal já houve vários governos, nos EUA já houve vários governos. Relacionamo-nos com Estados e com povos. O povo americano fez a sua escolha democrática.”