O presidente americano jogava tudo na eleição de Hillary Clinton por saber que dependia dela para preservar a sua legislação. Na campanha que fez em seu nome, disse que consideraria um insulto pessoal ela perder as eleições. «O meu nome não está no boletim, mas o nosso progresso está», disse, pensando – como Clinton e o partido – que a sua popularidade daria a vitória. Estava errado: 53% disseram no dia das eleições que tinham uma visão favorável dele, mas quase 70% afirmavam que o Governo funcionava mal e 62% que o país estava «no caminho errado». Obama pode ser o grande ícone liberal, uma espécie de Ronald Reagan dos democratas, mas do outro enfrenta um furacão de ressentimento.
O que Obama aprovou por decreto presidencial nos últimos oito anos pode ser imediatamente anulado por Trump e o que legislou quando tinha maioria no Congresso pode ser revogado pelos republicanos. Há alvos claros. Nenhum é mais nítido do que a sua mais querida – embora defeituosa – herança: o seu plano de saúde, o Obamacare, odiado profundamente pelo próximo Presidente e que hoje oferece seguros a 22 milhões de americanos. Outras medidas volumosas se seguirão: as grandes restrições a Wall Street do Dodd-Frank, as vastas regulações ambientais, e, tudo indica, o acordo nuclear iraniano. Cuba é uma incógnita.