Começa hoje no tribunal de Setúbal o julgamento de Rui Pedro, alegado líder da falsa ‘seita’ religiosa de Palmela, que não passava de um esquema de encobrimento de abuso sexual de crianças. O pretenso líder da ‘ Verdade Celestial ’– que também se fazia passar por psicólogo – vai ser julgado com mais sete arguidos.
O homem, preso desde junho, responde por dezenas de crimes de violação, lenocínio e pornografia de menores. É também suspeito de ter cobrado dinheiro a outros pedófilos para manterem relações sexuais com crianças na quinta dos Brejos do Assa, em Palmela. Alguns dos abusos terão sido cometidos contra o o próprio filho. A criança, agora com sete anos, era vítima de abuso sexual desde os três e era usada como “isco para a sobrevivência da família”, dado que chegou a ser a ser posto à venda pelo pai nas redes sociais, noticiou o Sol após a seita ter sido desmantelada.
Segundo a acusação, os abusadores “revelavam um total desrespeito pelas crianças”.
Falso ATL Rui Pedro apresentou-se em Palmela não só como psicólogo e líder espiritual da falsa seita mas também como treinador de futebol. Distribuiu panfletos na zona anunciando a abertura de um ATL na dita quinta, onde se oferecia também como explicador a alunos da escola primária e do segundo ciclo.
Vários pais inscreveram as crianças no “ATL”. Depois de ganhar a confiança das vítimas, o arguido aterrorizava-as dizendo que os abusos sexuais eram “atos purificadores” necessários para libertar os “espíritos demoníacos”. O suspeito usava ainda as redes sociais para encontrar outros pedófilos, aos quais apresentava a seita como uma comunidade.
O caso só foi deslindado devido à denúncia de um dos pedófilos, que mostrou interesse em abandonar a seita e temeu repercussões. Poucos dias após a denúncia, a PJ entrou no local e deteve oito pessoas, cinco homens e três mulheres.
Quatro dos detidos – nos quais se incluiu o cabecilha – aguardaram julgamento em prisão preventiva.