O próximo presidente dos Estados Unidos aparenta estar em dificuldades para escolher quem irá preparar o terreno, nos dois meses que o separam de assumir o cargo, bem como para nomear os membros do seu futuro gabinete. Segundo a comunicação social norte-americana, a decisão de substituir o responsável pela equipa de transição, Chris Christie, pelo vice-presidente eleito, Mike Pence, tornada pública na passada sexta-feira, está a custar a Donald Trump uma resolução rápida e eficiente de todo o processo. E para quem acha o contrário, o magnata responde através do Twitter.
A escolha de uma equipa de transição é um processo normalmente complexo, já que antecipa a nomeação de cerca de 4 mil pessoas, que irão fazer parte da administração da nova presidência. Neste sentido, não é de estranhar que esta prática, obrigatória na passagem de testemunho entre presidentes nos EUA, costume ser caracterizada por episódios de desordem e controvérsia. Face à inexperiência política de Trumo, era até espetável que este processo se pudesse demorar.
Mas as fugas de informação que estão a ser divulgadas pelos jornais e televisões norte-americanos referem que a escolha da equipa está longe de corresponder aos parâmetros ditos normais, mesmo para um processo desta envergadura.
Very organized process taking place as I decide on Cabinet and many other positions. I am the only one who knows who the finalists are!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 16, 2016
Enquanto a CBS News fala numa autêntica “purga” aos elementos do grupo de transição, com ligações a Christie, o site POLITICO refere que essa escolha está a ser uma verdadeira “luta de facas” entre diferentes fações, que promete arrastar-se para dentro da Casa Branca. Já a Fox News confirma que estão a ser dispensadas algumas pessoas da equipa, mas explica que se trata de uma limpeza de lobistas, levada a cabo por Pence.
No meio de todas estas intrigas surge ainda o nome do genro de Trump, Jared Kushner, alegadamente motivado em utilizar a sua influência enquanto conselheiro do presidente eleito, para ajustas contas pessoais e riscar nomes de pessoas que tiveram altercações com membros a sua família.
The failing @nytimes story is so totally wrong on transition. It is going so smoothly. Also, I have spoken to many foreign leaders.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 16, 2016
Tramoias à parte, certo é que Mike Rogers, antigo conselheiro de Trump, em matéria de segurança interna, anunciou a sua demissão da equipa de transição, e Ben Carson, outro homem de confiança do magnata, já comunicou a sua intenção de não fazer parte do gabinete do próximo chefe de Estado.
Donald Trump negou, no entanto, que haja qualquer problema na escolha dos que o acompanharão nas próximas aventuras. Se nos últimos dias de campanha evitou utilizar o Twitter – a sua arma de comunicação predileta – os primeiros tempos, enquanto presidente eleito, parecem ter trazido aquela rede social de novo para uma posição de destaque, nas suas mãos, nomeadamente para responder a quem levanta suspeitas de caos.
“A notícia ineficaz do New York Times está tão errada sobre a transição. Está a correr tudo de forma tranquila”, partilhou na quarta-feira, no Twitter. Horas antes, já tinha garantido: “Está a ser levado a cabo um processo muito organizado, enquanto decido o gabinete e outras posições”.