As eleições que vão decidir quem será o próximo Presidente da República Francesa só terão lugar na primavera do próximo ano, mas este domingo é colocada a primeira pedra de um caminho que se avizinha tortuoso, na ressaca da eleição do populista Donald Trump, com a escolha do candidato do partido conservador francês, Os Republicanos. O ex-Presidente Nicolas Sarkozy e o ex-primeiro-ministro, Alain Juppé partem como favoritos para disputar a segunda volta das primárias – marcada para dia 27 de novembro –, num total de sete candidatos.
É provável que os olhos dos dois concorrentes da direita tenham estado colados à televisão, na quarta-feira, para assistir ao anúncio (já esperado) da candidatura independente de Emmanuel Macron. É que o antigo ministro da Economia do governo de François Hollande promete chegar a todos os campos do eleitorado francês, incluindo a direita moderada, através de uma abordagem dita desligada de interesses partidários, que pretende desbloquear um país assente «nas mesmas caras, nos mesmos homens e nas mesmas ideias». «O desafio não é agrupar a direita ou esquerda, mas agrupar a França», garantiu o líder da plataforma centrista ‘En Marche!’ (‘Em Movimento!’).
A crise dos modelos democráticos ocidentais, apoiados no chamado establishment, é um tema ao qual os candidatos presidenciais não podem (nem querem) fugir, muito menos numa França fraturada, insatisfeita e sedenta de mudanças. É, por isso, natural que a retumbante vitória de Trump nos EUA paire, de forma quase sufocante, sobre a campanha francesa. Se Macron – com as devidas diferenças – também opta pelo discurso do candidato ‘não-político’, Marine Le Pen apoia a sua argumentação no nacionalismo exacerbado, anti-imigração e anti-globalização, e até acredita que a eleição do magnata aumenta as suas probabilidades para suceder a Hollande.
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