Nos últimos anos, os partidos de esquerda criaram a convicção de serem os porta-vozes das novas gerações. Acham-se, ainda que erradamente, os fiéis intérpretes daquelas que são as necessidades e aspirações da geração mais qualificada de sempre, ignorando que as sucessivas e repetidas derrotas eleitorais que estes partidos vão sofrendo nas urnas mais não são do que a demonstração de que aquilo que nos querem vender não é aquilo que nós queremos comprar.
Começam por falar dos milhares de jovens que emigraram em resultado da ação do anterior Governo. Enfim, escuso-me a comentar a monstruosidade dos números inventados pela esquerda: a serem verdade, em 4 anos já não haveria vivalma em Portugal, sequer para ler este artigo. Para além de que o próprio INE ajuda a provar, também aqui, que estes partidos têm dificuldade em acertar com os números.
Mas a verdade é que a emigração da geração mais qualificada de sempre começou a ter mais expressão em 2010, em resultado de más políticas e de erros cometidos por quem teve a responsabilidade de governar o nosso país e o fez apenas a pensar nas próximas eleições em vez de nas próximas gerações.
Com o país endividado até ao tutano, asfixiado por défices, martirizado com o desemprego, a cumprir um exigente programa de ajustamento porque em 2011 não havia dinheiro para pagar salários nem pensões e tivemos de o pedir emprestado, é evidente que a emigração foi elevada nos últimos anos.
Mas, também não será de admirar que esta esquerda encha a boca para falar da emigração dos últimos 4 anos, mas esteja agora calada e não comente os dados conhecidos já neste mês que revelam que a emigração diminuiu 18,5% em 2015, dizendo os investigadores que isso se ficou a dever mais do que à economia do país, o que melhorou foi “a crença dos portugueses no futuro”. Interessante, no mínimo.
É por isso aflitivo ouvir os discursos inflamados contra a governação dos últimos 4 anos – que, como se vê, estava já a produzir bons resultados – ignorando que muitas das atuais medidas da esquerda têm como resultado direto o retrocesso do país e o adiamento do regresso de muitos destes jovens que dizem representar.
Depois da ladainha mal contada da emigração, segue-se a teoria da destruição da Educação, contada, pasme-se, por quem acaba de cortar 2,7% no orçamento da Educação para 2017. Aliás, se há coisa que aprendemos com os partidos de esquerda nos últimos meses, é que a chave do sucesso está na semântica.
O que antes era o “despedimento de milhares de professores” é agora descrito como 30.000 professores “que não obtiveram colocação”. Ou no Ensino Superior, em que aumentam em €60 milhões as transferências para as instituições, ao mesmo tempo que lhes aumentam em €100 milhões as responsabilidades, criando uma dramática situação de subfinanciamento.
Nunca é demais recordar que os “neoliberais” que durante 4 anos governaram o país promoveram o maior aumento de bolseiros (+ 12 mil) e encurtaram os prazos para pagamento das bolsas de 106 para 52 dias. O que querem estes números dizer? Que tão ou mais importante do que anunciar bolsas de estudo é garantir que as mesmas são pagas atempadamente e de forma a apoiar quem quer estudar mas não tem condições financeiras para isso.
Termino, voltando aos jovens. O que acharão de verem repetidos os mesmos erros ruinosos de sempre? O que acharão do futuro de um país que gasta mais com juros da dívida todos os meses do que em educação? Não nos agrada fazer um discurso sobre como isto vai correr mal, nem dizer “nós avisámos”, mas a realidade mostra que no “terrível” ano de 2015 crescemos 50% mais do que em 2016.
Só faltará esta geringonça tentar convencer os portugueses de que crescer menos é melhor, poupar menos é melhor e que estudar menos é melhor.