Uma publicação no blogue anarquista Indymedia reivindica o ataque ao restaurante do conhecido chef português, José Avillez, na passada sexta-feira.
“O vermelho que escorre no vidro é o sangue que Avillez avilta com a sua colaboração culinária (…) A cola que veda a fechadura é a fome provocada que Avillez quer gourmet (…) As ementas recheadas de realidade são a face visível de que “o destino das nações depende da forma como elas se alimentam”, lê-se na publicação em causa.
O autor do texto, identificado apenas como ‘Face Oculta’, refere que chegou a pedir ao chef português que não participasse num evento que decorre em Israel, mas que “a ação indireta alimentada por cartas educadas a apelar para que Avillez não participasse – cartas divulgadas na imprensa dos monopólios ou em redes restritas – foi apenas uma entrada que o chef rejeitou. E que não nos encheu os olhos, deixando um travo amargo nos nossos estômagos de poetas, que apenas um copo de ação direta – essa forma máxima de poesia – mitigará”.
Recorde-se que as instalações do restaurante Cantinho do Avillez, no Porto, foram pintadas com spray encarnado. Os autores deixaram as palavras ‘Palestina Livre’ e ‘Avillez colabora com ocupação sionista’ nas paredes do estabelecimento. Esta teria sido a forma encontrada para protestar contra a presença do chef no Round Tables, um evento gastronómico que está a decorrer em Telavive, em Israel, até dia 26. A participação de Avillez foi muito criticada por diversos grupos pró-palestinianos, mas todos aqueles que se manifestaram à porta do estabelecimento em ocasiões anteriores negaram qualquer envolvimento nos atos de vandalismo. Também a direção nacional do Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) emitiu um comunicado a confirmar que “subscreveu, em conjunto com outras organizações, um apelo para que o conhecido chefe de cozinha português cancelasse a sua participação num evento de promoção turística em Israel”, distanciando-se, no entanto, do que aconteceu na passada sexta-feira: “ações como as que ocorreram no Porto, e cuja autoria se desconhece, não são da responsabilidade, nem têm qualquer relação com o perfil de iniciativas, princípios políticos e vocação de uma organização com as responsabilidades e o estatuto do MPPM”.
Segundo o “Expresso”, este blogue é seguido pelas autoridades “há alguns anos”.
José Avillez mantém-se em silêncio e o assunto está a ser desvalorizado dentro do grupo de restauração.