CCB. Trezentos e cinquenta espetáculos em 2017

A música volta a estar no centro da programação, mas há também dança, teatro e até cinema

Se pensarmos que o ano de 2017 terá 365 dias, e o Centro Cultural de Belém (CCB) apresentou ontem, em conferência de imprensa, o seu programa para esse ano e ele inclui 350 espetáculos, é fácil perceber que “pausa” é palavra que não constará da vida do CCB no próximo ano.

O novo ano, no CCB, arranca ao ritmo do jazz, com Miguel Amado a subir ao palco a 6 de janeiro. Já a 8 de janeiro, dia em que David Bowie faria 70 anos, a obra do artista será celebrada com a voz de David Fonseca, que apresentará ao vivo versões de Bowie. Já Nuno Galopim moderará uma conversa com João Lopes, Xana e David Ferreira. Onze dias depois, a 19 de janeiro, caberá aos You Can’t Win Charlie Brown abrir o ciclo CCBeat, que continuará a dar a conhecer, ao público do CCB, jovens músicos nacionais. Por este ciclo passarão também Sean Riley and The Slowriders, Xinobi, Bruno Pernadas e Ricardo Toscano.

Mas nem só de novos ritmos se fará a música no CCB – que de resto continuará a ser o ponto forte da programação, com o regresso dos Dias da Música a 29 e 30 de abril. Mas entre os grandes destaques musicais para 2017, inclui-se ainda a ópera “Tristão e Isolda”, de Richard Wagner, que será levada a cena pela soprano Elisabete Matos, o tenor Erin Caves e o barítono Luís Rodrigues, o Coro do Teatro do Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direção da maestrina Joana Carneiro. Ainda no campo da música clássica, o CCB será o palco do Festival Monteverdi, entre 14 e 16 de setembro, onde se celebrarão os 460 anos do nascimento de Claudio Monteverdi.

Ainda na música, mas no fado, o CCB receberá Cristina Branco (a 25 de fevereiro), Mísia (a 19 de maio) e Carlos do Carmo (1 de dezembro). Também a Carta Branca de 2017 foi entregue ao fadista Ricardo Ribeiro, que apresentará as suas propostas a 26 de outubro.

Da programação destacam-se ainda, no teatro, o espetáculo “Despertar da Primavera”, de Frank Wedekind e levado a cena pelo Teatro Praga; uma criação de Gabriel Abrantes no âmbito do BoCA — Bienal de Artes Contemporâneas e “Retratos de Orlando”, numa adaptação de Luísa Costa Gomes do original de Virginia Woolf. Ainda no campo das artes de palco, mas na dança, há que referir o regresso da coreógrafa belga Anne Teresa de Keersmaeker, que trará a Portugal, pela primeira vez, a peça “Rain”, e também a estreia de Sasha Waltz.

Por fim, esta programação faz ainda uma forte aposta na área da literatura, a arrancar com a já habitual celebração do Dia da Poesia, a 21 de março, desta feita dedicado a Mário Cesariny. E a grande novidade é a introdução do cinema na programação do CCB, no ciclo Belém Cinema. Assim, pelo Grande Auditório vão passar clássicos do cinema, numa parceria com a Midas – o primeiro filme será “Lawrence da Arábia”.

Para o presidente do CCB esta programação para 2017 reflete uma abordagem ponderada entre orçamento e escolhas curatoriais. Sem olhares irreais. “Do ponto de vista da gestão orçamental sou exigente e prudente. Não há aqui nada de irrealista. A prudência exigiu esta programação, e o equilíbrio entre as várias artes”, disse Elísio Summavielle, durante a conferência de imprensa que ontem deu a conhecer aquele que será o próximo ano para o CCB.

Este ano, o orçamento para o CCB é de cerca de dois milhões de euros, um valor ligeiramente superior ao deste ano que agora termina, isto porque tem em conta uma previsão de receita superior. Não incluídas neste valor estão as obras no complexo, cujo investimento será entre 700 e 800 mil euros.

Também numa lógica de maximizar o orçamento, em 2017 o CCB privilegiou “o trabalho em rede com outras instituições e fazer coproduções. Temos a nossa produção própria, mas nos tempos que correm é preciso criar parcerias e promover a cooperação”, explicou Summavielle, na apresentação deste programa para 2017.