A China é um dos países onde o Facebook permanece bloqueado pelas autoridades, a par de outros sites, como o Google ou YouTube. Lograr o levantamento do acesso àquela rede social, no gigante asiático, garantiria ao seu co-criador e diretor executivo, Mark Zuckerberg, a potencial expansão do Facebook para um mercado de 1.4 mil milhões de pessoas e, com ela, a possibilidade de quase duplicar o número atual de utilizadores ativos, situado nos 1.8 mil milhões.
Se na teoria não é difícil perceber as vantagens de negociar com a China o desbloqueio do site, na prática essa negociação avizinha-se complexa. As autoridades chinesas não abdicam do controlar os conteúdos aos quais a sua população pode aceder, uma posição que vai contra uma das máximas da empresa de Zuckerberg, a de abrir cada vez mais o mundo, conectando-o através do Facebook.
Mas o potencial económico para a empresa é demasiado apetecível e, aparentemente, razão suficiente para suprimir quaisquer dilemas éticos ou democráticos. Pelo menos tendo em conta o plano revelado por um grupo de três empregados do Facebook, antigos e atuais, ao “The New York Times”. Falando sob a condição de anonimato, contam que Zuckerberg autorizou a rede social a desenvolver um software que permite a uma terceira entidade, autorizada por Pequim – por exemplo, uma empresa de fornecimento de internet chinesa – remover posts, notícias e conteúdos em áreas geográficas específicas da China.
Uma ferramenta que é ligeiramente distinta da que opera, por exemplo, na Rússia ou na Turquia. Nesses países é o próprio Facebook que concorda em bloquear conteúdos específicos. No caso do novo software criado para a China – que ainda não foi aprovado, nem posto em prática – é a tal terceira parte a monitorizar e a escolher previamente quais os temas que pretende censurar, impedindo a sua visualização, por parte dos utilizadores chineses.
Ao “New York Times” o grupo de antigos e atuais empregados do Facebook revelou ainda que a empresa está em negociações com as autoridades chinesas há vários anos, uma vez que Zuckerberg defende que “é melhor para o Facebook permitir o diálogo, ainda que não seja um diálogo completo”.
Uma porta-voz da rede social confirmou o interesse e o tempo significativo dedicado pela empresa a “aprender e a entender mais” sobre a China, mas negou quaisquer decisões ou compromissos. A confirmar-se um eventual acordo, nestes termos, é previsível que outros Estados, de cariz autoritário e repressivo, queiram negociar com o Facebook a obtenção de softwares semelhantes.