A entrada de Isaltino Morais na corrida à presidência da Câmara de Oeiras parece estar cada vez mais próxima. Pelo menos, essa é a vontade das mais de 100 pessoas que já se inscreveram para estar num jantar de apoio a essa candidatura, no próximo sábado, no restaurante A Quinta, em Oeiras. Isaltino Morais, numa declaração escrita enviada ao i, reconheceu ter conhecimento da iniciativa, mas assegurou que não estará presente.
“Tenho conhecimento desse jantar porque várias pessoas já me telefonaram para saber se eu estaria presente. Sei tratar-se de um movimento que visa defender a minha candidatura, à semelhança de outros com presença assídua na internet. Não estarei presente nesse jantar, como não estarei em qualquer outra iniciativa, porquanto não tomei ainda qualquer decisão relativa a uma candidatura a Oeiras”, escreveu o antigo autarca, eleito por sete vezes presidente da câmara deste concelho da Área Metropolitana de Lisboa.
Já um dos promotores – ligados ao movimento Isaltino Morais a Presidente da Câmara de Oeiras – do jantar disse ao i que a organização está ainda “a tentar articular a agenda para assegurar a presença do antigo autarca no evento”.
Esclareceu também que vão aproveitar o dia para continuar a recolher as assinaturas (7500) necessárias para Isaltino Morais formalizar “uma candidatura que, apesar de ainda não estar anunciada, todos acreditam que vai mesmo avançar”.
“Estamos a preparar uma prenda para Isaltino Morais. Vamos entregar-lhe as assinaturas exigidas por lei no próximo dia 29 de dezembro, dia do seu aniversário”, anunciou a fonte.
Esclareceu também que a recolha de assinaturas pelo movimento destina-se só “à candidatura à câmara” e que “em poucos dias já se conseguiu juntar alguns milhares”.
Adiantou que o movimento vai propor que, “para as cinco juntas de freguesia do concelho, se realizem primárias entre todos aqueles que se reveem no projeto de Isaltino”.
“Este é um movimento que nasceu em maio deste ano – foi oficializado a 17 desse mês – e surgiu da vontade e iniciativa de um conjunto de pessoas, sem qualquer interferência ou participação de Isaltino Morais”, assegurou, lembrando ainda que o antigo autarca “terá ainda de formalizar a respetiva candidatura”.
“Acreditamos que isso deverá acontecer em fevereiro do próximo ano. Temos a noção de que o anúncio da candidatura, que acreditamos cegamente irá acontecer, está a condicionar as restantes candidaturas. Mas esta é uma candidatura de cidadãos independentes, de pessoas que se reveem na marca que Isaltino Morais trouxe para o concelho. Ele não fez obra, construiu a marca, a identidade Oeiras”, acentuou.
Em meados de setembro, Isaltino Morais sentiu-se obrigado a emitir um comunicado para desfazer uma dúvida que se instalou naquele mês. O semanário “Expresso” tinha noticiado que o antigo autarca de Oeiras foi sondado para voltar a candidatar-se ao município pelo PSD. Esse convite tinha sido deixado pelo coordenador autárquico dos sociais-democratas, Carlos Carreiras, atual presidente do município de Cascais. Só que Carlos Carreiras acabou por desmentir publicamente a notícia, negando a existência do convite. Depois deste episódio, Isaltino Morais disse que se viu obrigado a vir também a público “repor a verdade”.
“Se fui convidado para integrar as listas do PSD, a resposta é: fui, sim!”, lia-se então no documento que Isaltino tornou público.
Entretanto, em declarações ao i a propósito da candidatura do PSD a Oeiras, Carlos Carreiras avançou apenas com uma garantia: “Diria que não há nenhuma probabilidade de apoiar Isaltino Morais porque não se enquadra naquilo que nós temos estado a definir. No caso de Paulo Vistas [atual presidente do município de Oeiras], se se coloca com uma possibilidade ou uma probabilidade, não escondo que pode haver essa possibilidade.”
Paulo Vistas encabeçou a candidatura independente que venceu as eleições autárquicas no concelho de Oeiras em 2013, no que classificou de “continuidade do trabalho de Isaltino Morais”. Aliás, a candidatura independente concorreu sob o nome de Isaltino Morais mais à frente.
Paulo Vistas era o número dois de Isaltino quando este, no âmbito de um processo judicial por fraude fiscal e branqueamento de capitais, foi condenado em abril de 2013 a dois anos de prisão. Na qualidade de vice-presidente da autarquia, assumiu a presidência até ao final do mandato, em setembro desse ano. Nas autárquicas de 29 de setembro de 2013 foi eleito presidente, debaixo do nome Isaltino Morais.