Vodafone Mexefest. A confirmação do talento de NAO e a celebração de Dina

Bem que acelerámos o passo, mas já não fomos a tempo. Paragem rápida para um prego e imperial para forrar o estômago, porque também é preciso combustível para andar acima e abaixo, e foi suficiente para já só termos um vislumbre de Talib Kweli, que ia pedindo ao DJ boas vibrações de Bob Marley e…

NAO já tinha começado o concerto no Coliseu. Tudo é pontual aqui, o que ainda nos torna a tarefa mais difícil. Mas tínhamos de vir perceber o fenómeno do momento é que encheu a sala mais nobre das Portas de Santo Antão. Do palco escuro ouve-se uma voz jazzística a cantar por cima de beats de r'n'b futuristicos. "I've got to Let him go", canta no refrão de "In The Morning", um dos temas de "For All We Know", um disco que a inglesa editou este ano e que está a dar que falar.

Bem disposta e simpática, a dona de uma impressionante afro, vestida com um macacão de capulanas, vai saudando o público entre faixas. Enérgica e ondulante, dança descalça, vem carregada de soul e uma capacidade incomum de cantar agudos – "Apple Cherry" levou o Coliseu, tão bem composto, ao delírio. Lembramo-nos de Erykah Badu, claro. Acompanhada de baterista, guitarrista, baixista e homem nas máquinas – formação clássica da pop – a construírem uma paisagem bem sólida para "Trophy", o tema em que NAO mostra que também tem funk em si.

Estamos convencidos. NAO sabe fazer a festa e galvanizar a plateia com uma voz que nos leva para tantos sítios – de Erykah Badu a Frank Ocean. Parece que carrega história e heranças musicais da soul dos anos 1980 – o que faz bater memórias bem deliciosas na parte de trás da cabeça.

Voltámos à estrada e ainda bem que só tínhamos o frio para nos receber. Sabe melhor fazer este festival sem chuva, só com as baixas temperaturas e o fumo das castanhas. Subimos até ao Tivoli BBVA, onde já ia avançado o concerto de homenagem à cantora e compositora Dina. O projeto de Gonçalo Tocha juntou, e engalanou, nomes como Márcia, os D'Alva, Best Youth, B Fachada ou Da Chick nas vozes em temas como "Peróla, Rosa, Verde, Limão, Marfim", ou os TOCHAPESTANA a interpretar "Pássaro Doido" ao estilo rock-camiónico psicadelico, com camisas douradas e com guitarras triangulares. E porque Dina também é artista versátil, que canta a festa, mas também as dores, o concerto viajou até momentos mais delicados com Da Chick, que interpretou "Aqui Estou". Antes de termos de sair para espreitar o último concerto da noite, os Jagwar'Ma, tempo ainda para ouvir Mitó Mendes cantar, com uns delicados sintetizadores por trás, "Adeus, Amor", e, não podia faltar, B Fachada a cantar com braguesa – sem amplificação – "Amor de Água Fresca. Foi aí que a entrou a homenageada para receber aplausos, abraços e os Beijinhos da noite. Bem os merece.

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