Diretor da CIA pede a Trump para não cometer a “loucura” de revogar acordo com o Irão

A poucos meses de deixar o cargo John Brennan deixou vários avisos ao presidente eleito e pediu cautela nas relações com a Rússia

O ainda diretor da CIA – deixará o cargo em janeiro do próximo ano – deu uma entrevista à estação televisiva britânica BBC e apelou sobre a necessidade de a administração de Donald Trump seguir uma estratégia “prudente e disciplinada” em eixos particulares de política externa norte-americana, como o acordo nuclear com o Irão, a guerra civil síria ou as relações dos EUA com a Federação Russa. 

Relativamente à ameaça do presidente eleito, repetida durante a campanha, de poder rasgar o compromisso com Teerão, John Brennan catalogou essa possibilidade como “desastrosa” e uma “enorme loucura”. O diretor lembra que para além de a decisão de revogar acordos internacionais alcançados por administrações anteriores ser “inédita” na política norte-americana, no caso concreto do pacto com o Irão, uma eventual supressão do acordo aumentaria o risco de “outros Estados investirem em programas nucleares”. 

Quanto às relações dos Estados Unidos com a Rússia, Brennan aconselha prudência. “O presidente Trump e a nova administração têm de ser cautelosos em relação às promessas russas”, advertiu. 

O líder máximo dos serviços de inteligência norte-americanos não tem problemas em responsabilizar Moscovo pelo massacre de civis na Síria e acusa os russos de utilizar táticas “desonestas”, para “estrangular” as áreas controladas pelos rebeldes sírios. Brennan espera mesmo que o próximo chefe de Estado mantenha o plano seguido por Barack Obama, de apoio aos insurgentes que combatem as forças de Bashar al-Assad, apoiadas pela Rússia, nomeadamente na cidade de Alepo.